I SÉRIE — NÚMERO 14
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A Sr.ª Presidente: — Para uma intervenção, pelo Bloco de Esquerda, tem a palavra o Sr. Deputado Pedro
Filipe Soares.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Sr.ª Presidente, Sr.ª Secretária de Estado dos Assuntos Parlamentares
e da Igualdade, Sr. Secretário de Estado das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, Sr.as
e Srs.
Deputados: Todos os Deputados desta Assembleia receberam uma carta dos trabalhadores da TAP, que
alertavam para o momento importante que estamos a debater hoje.
Realço que, particularmente o Sr. Deputado Paulo Batista Santos, leu a carta e percebeu a importância que
a TAP tem para o País. A sua frase é a seguinte: «A TAP não é uma empresa qualquer».
O Sr. Luís Menezes (PSD): — E não!
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Mas, não sendo uma empresa qualquer, este Governo olha para a TAP
e só quer voar baixinho. Por isso se percebe que, na prática, não é uma empresa qualquer, mas, na realidade
da política deste Governo, é uma empresa da qual se quer desfazer.
É uma empresa estratégica para o País. É uma companhia de bandeira, mas é também uma empresa
pública de referência e é a maior transportadora mundial. É também — e este é um dado importantíssimo no
momento em que vivemos — a maior exportadora nacional. Por isso, percebemos a relevância que a TAP
tem, estrategicamente, para o País, mas até ao nível das políticas de investimento público. Como sabe, Sr.
Secretário de Estado, a relação umbilical entre a TAP e a ANA faz com que a existência e a gestão da TAP
estejam muito ligadas à existência e à gestão da ANA. Por exemplo, a existência do hub da TAP em Portugal,
ou não tem impactos diretos na gestão da ANA.
Por isso, não podemos dizer que a TAP não é uma empresa qualquer e depois vendê-la a qualquer um.
Não podemos dizer que a TAP não é uma empresa qualquer e depois dizer que não faz falta ao País, porque
é esse o sentido de se dizer que é estratégica. Se é estratégica, é porque faz falta, se é estratégica é porque a
TAP é um setor importante para a economia, como fator para as exportações, como fator para o turismo
interno e externo, como ligação às regiões autónomas ou como ligação à diáspora, às comunidades
portuguesas.
Estes são alguns dos aspetos estratégicos da TAP e que sabemos — todos nós sabemos — que ficarão
em causa com a privatização da TAP.
Esta realidade foi demonstrada há 15 anos atrás. Aquela que era a inevitabilidade da privatização da TAP
para a Swissair, aquela que era a ideia de que, no mês a seguir, não havia dinheiro para pagar salários (esta
frase é quase uma lengalenga que, de tempos a tempos, se ouve nesta Assembleia), verificou-se que era o
maior erro que se cometeria com a TAP. Se, na altura, tivesse sido decidida a privatização da TAP, hoje a TAP
não existiria.
A Sr. Cecília Honório (BE): — Muito bem!
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — É a responsabilidade destas políticas que temos de analisar, porque
não aceitamos que a inevitabilidade da privatização seja a antecâmara para a fragmentação da TAP ou para o
seu desaparecimento. Por isso, apresentamos aqui um pedido de cessação de vigência do Decreto-Lei em
apreciação para que todos os Deputados tenham uma voz nesta matéria. Não queremos a TAP a voar
baixinho e não queremos que o Governo venda, por tuta e meia, aquilo que é de todos e que a todos faz falta.
Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente: — A próxima intervenção é do CDS-PP e vai ser proferida pelo Sr. Deputado Hélder
Amaral.
Tem a palavra, Sr. Deputado.