I SÉRIE — NÚMERO 19
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Protestos do Deputado do PS José Junqueiro.
Diz o Partido Socialista: «Acabar com a austeridade». Mas não tem uma única proposta para resolver esse
problema ou para acabar com a austeridade!
Depois, perdeu-se em exigências sobre pré-condições que ninguém pediu. Ninguém exigiu uma revisão
constitucional à cabeça.
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Muito bem!
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Ninguém disse que sem revisão constitucional não era possível atingir
os objetivos. Perdeu-se em pré-requisitos que ninguém exigiu e depois fez acusações absolutamente
infundadas.
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
Dou-vos só um ou outro exemplo.
Veio aqui o Secretário-Geral do Partido Socialista dizer: «O Primeiro-Ministro vai aos conselhos europeus,
vai à Europa, entra mudo, sai calado.» Enfim, é uma acusação que, em primeiro lugar, as atas dos conselhos
europeus desmentem.
Risos do PS.
Por outro lado, aconselharia a quem esteve sentado no Governo ou a quem esteve seis anos sentado nas
últimas filas do PS a votar PPP, a votar dívida, a votar aeroportos sem aviões, a votar TGV, sem nunca abrir a
boca, sem nunca dizer nada ao Primeiro-Ministro anterior, a falar menos em silêncio, a usar menos o silêncio
como argumento.
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
Disse, de resto, a certa altura, o Sr. Secretário-Geral do Partido Socialista, no tom grave e sério que ele
gosta de adotar de tempos a tempos: «Um homem de Estado não se esconde atrás de nenhum passado.»
Diria que, em primeiro lugar, convém lembrar ao Partido Socialista e até ao seu Secretário-Geral que o PS
também tem um passado e que convinha, como qualquer homem — é um princípio de hombridade —, não o
esconder ou não procurar dissimulá-lo. Em segundo lugar, diria que se esta acusação se dirige ao Governo ou
até ao Primeiro-Ministro de Portugal eu diria, Srs. Deputados, que não se trata de esconder-se atrás de
nenhum passado, mas sim de carregar com o passado que o Partido Socialista nos deixou, carregar com a
dívida que nos deixou, carregar com uma pesadíssima herança e procurar responder-lhe e resolvê-la.
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
O Partido Socialista é agora o grande defensor do Estado social! Sobre essa matéria, gostaria também,
Srs. Deputados, de deixar uma ou duas notas. A primeira para vos dizer que o Estado social não é nem uma
criação do socialismo real nem sequer uma criação única e exclusiva dos socialistas. O Estado social, tal
como a economia social de mercado, é património comum das forças políticas que, em Portugal, representam
o arco da governação.
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
O Estado social é património de socialistas, é património de sociais-democratas, é património de
democratas-cristãos. Podemos falar em Beveridge, mas não haveria Estado social sem pensadores como
Jacques Maritain, não haveria Estado social sem grandes homens de Estado como Adenauer ou De Gasperi.