24 DE NOVEMBRO DE 2012
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A Sr.ª Presidente: — O Sr. Deputado tem razão. No entanto, o requerimento do PCP não identifica os
artigos…
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Identifica, identifica!
A Sr.ª Presidente: — … e, numa primeira análise, parecia uma repetição de folhas, mas não é assim. O Sr.
Deputado já identificou os artigos com as epígrafes. Fica, então, referido que são essas as avocações feitas
pelo PCP.
Vou pedir aos Srs. Deputados que, nos requerimentos de avocação, identifiquem não apenas o número
das propostas que estão em causa mas também os artigos e a epígrafe, porque facilita o trabalho da Mesa e a
informação do público.
Sendo assim, estão abertas as inscrições para o debate sobre estas avocações. Desde já, temos inscritas
as Sr.as
Deputadas Maria das Mercês Soares e Mariana Aiveca.
Tem a palavra a Sr.ª Deputada Maria das Mercês Soares.
A Sr.ª Maria das Mercês Soares (PSD): — Sr.ª Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as
e Srs.
Deputados, muito concretamente, quanto ao artigo 28.º, avocado pelo Bloco de Esquerda, cumpre-me aqui,
nesta Câmara, repetir o que disse ontem relativamente ao artigo 27.º, mas com uma diferença. Este artigo
visa, por um lado, dar cumprimento ao disposto na deliberação do Tribunal Constitucional e, por outro,
acreditar na virtualidade da concertação social. Penso que todos concordam que deve ser nesse fórum, na
sede dos parceiros sociais, que se deve encontrar a melhor solução.
Os Grupos Parlamentares do PSD e do CDS vêm propor, precisamente, que nesse fórum seja encontrada
a melhor solução para ajudar as pessoas a enfrentar o momento tão difícil em que nos encontramos e que não
desejávamos, mas ao qual temos de fazer face.
Quanto aos demais artigos, quero apenas dizer, numa abordagem muito simples, que ficou claro que temos
consciência de que este é um Orçamento difícil, um Orçamento que procura encontrar as soluções menos
gravosas e ajudar a minimizar a situação em que nos encontramos.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — Entretanto, inscreveu-se também o Sr. Deputado Nuno Sá, do PS.
Tem, agora, a palavra a Sr.ª Deputada Mariana Aiveca, do BE.
A Sr.ª Mariana Aiveca (BE): — Sr.ª Presidente, vou referir-me à avocação da proposta 16-C, que tem
exatamente a ver com o artigo 28.º — Suspensão do pagamento de subsídio de férias ou equivalente.
Sr.as
e Srs. Deputados, Srs. Membros do Governo, esta suspensão não é inevitável. Essa tem sido a
grande mentira que querem vender ao País, ou seja, que é inevitável cortar o subsídio de férias, é inevitável
cortar o subsídio de Natal, é inevitável cortar os salários.
Ora, entendemos que há alternativas de aumento da receita, alternativas que o Bloco de Esquerda
apresentou e que davam exatamente para que estes cortes não se verificassem.
Por isso, o que se pede é que parem de vender ao País, parem de vender a todos os trabalhadores e
trabalhadoras a ideia de que estes cortes são inevitáveis.
Não nos conformamos com esta inevitabilidade e dizemos que o Governo é incompetente para ir buscar
dinheiro onde sabe que ele existe, nomeadamente nos juros da dívida. Ninguém compreende que o BCE não
cobre os mesmos juros aos países que cobra aos bancos, pelo que propomos que cobre exatamente esses
mesmos juros e esta proposta daria 4000 milhões de euros nos próximos dois anos, o que significa que não
são inevitáveis estes cortes nos subsídios de férias.
Por outro lado, como já ontem afirmámos, o Governo está numa situação de completo desrespeito pela
decisão do Tribunal Constitucional. E corre aqui, de novo, o risco — e nós vamos contribuir para que isso
aconteça — de o Tribunal vir a declarar nova inconstitucionalidade nestes cortes.
Vozes do BE: — Exatamente!