24 DE NOVEMBRO DE 2012
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13.º mês! E depois ainda se diz que se está a dar cumprimento ao que foi decidido pelo Tribunal
Constitucional! De facto, isto só dito sob reserva mental!
Mas o Tribunal Constitucional refere outro aspeto que ainda não foi mencionado, que tem a ver com a
necessidade de haver algum equilíbrio entre aquilo que é retirado aos rendimentos do trabalho e aos
rendimentos do capital. Ora, no Orçamento para 2013 vemos que há uma quantidade de aspetos relativos aos
rendimentos do capital que continuam praticamente intocáveis e o Governo insiste novamente no mais fácil,
que é ir buscar aquilo de que precisa aos rendimentos do trabalho.
Sobre o corte dos subsídios de férias e de Natal aos pensionistas, o Governo insiste em penalizar as
camadas sociais mais fragilizadas, e aqui com uma nuance: os reformados descontaram sobre 14 meses e
não sobre 12 meses.
Não vou outra vez dizer a tal palavra proibida, mas ela aqui encaixava perfeitamente, porque, de facto, os
reformados foram descontando ao longo da vida, fizeram um contrato com o Estado e cumpriram a sua parte,
porque descontaram aquilo que combinaram com o Estado, aquilo que derivava do seu contrato com o Estado,
mas o Governo vem agora dizer: Já não é assim! Agora, passa a ser assado!
O Governo dá o dito por não dito, muda as regras a meio do jogo e está a retirar valores que até são do
património alheio, porque os reformados foram descontando ao longo da vida, deram o dinheiro ao Estado,
conforme tinham estabelecido com o Estado, e o Estado, agora, não está a fazer a parte dele. O Governo não
está a cumprir!
Repito, as pessoas descontaram na expetativa de vir a receber aquilo que acordaram com o Estado, mas,
afinal, o Estado faltou! Afinal, o Estado não cumpriu com a sua parte!
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Isto não é roubar?!
O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — Portanto, isto mostra não só a insensibilidade social do Governo.
Isto, para quem não aumentava impostos, é de bradar aos céus, Srs. Deputados! Isto mostra a insensibilidade
total deste Governo mas também um desprezo completo pela Constituição e pelas decisões do Tribunal
Constitucional.
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente: — Tem a palavra, para uma intervenção, o Sr. Deputado Adão Silva.
O Sr. Adão Silva (PSD): — Sr.ª Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as
e Srs. Deputados: Referindo-
me concretamente aos artigos 75.º e 76.º, que têm a ver com as pensões, quero dizer que é evidente que o
Grupo Parlamentar do PSD — e tenho a certeza que o Governo também — entende estes cortes como algo
doloroso, antes de mais, para os próprios pensionistas e doloroso também para quem de tomar esta medida.
Mas a pergunta que tem de ser feita é: por que é que se toma esta medida? Como é que chegámos a esta
situação?
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. Adão Silva (PSD): — Sr. Deputado Nuno Sá, como é que chegámos a esta situação? Importa-se de
perguntar aos ex-membros do governo que estão sentados na sua bancada?
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. Adão Silva (PSD): — Mas eu explico-lhe, Sr. Deputado. Chegámos a esta situação porque os
senhores trouxeram o País para a situação de bancarrota. Esta é que é a grande razão, Sr. Deputado!
Agora, percebemos que há aqui dor, que há dificuldade na implementação desta medida, mas há uma
coisa que o Sr. Deputado reconhecerá: há também propósitos de equidade!
Protestos do PCP.