I SÉRIE — NÚMERO 22
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O Sr. Nuno Reis (PSD): — De resto, o PCP esqueceu-se igualmente de referir — e poderia tê-lo feito, em
jeito de exercício histórico — as consequências para Portugal quando, em 1892, o nosso País se viu
impossibilitado de cumprir com o serviço da dívida.
Vozes do PSD: — É verdade!
O Sr. Nuno Reis (PSD): — Durante praticamente quatro décadas, Portugal esteve arredado dos mercados
financeiros internacionais, impossibilitado de se financiar no exterior, com as consequências daí advenientes
para o nível de vida dos portugueses.
Nós não podemos querer a Europa quando significa mais financiamento e fundos de coesão…
O Sr. Honório Novo (PCP): — Os que vão ser cortados?!
O Sr. Nuno Reis (PSD): — … e, depois, quando tal dá mais jeito, colocar Portugal como um Estado-pária,
que não cumpre os seus compromissos.
A proposta apresentada pelo PCP não contabiliza os custos reputacionais para o País nem sequer
menciona os custos adicionais para os contribuintes portugueses que uma reestruturação unilateral da dívida
pública e a consequente saída do euro significariam no nosso País. Nada de novo quanto à vossa coerência.
VV. Ex.as
sempre entenderam que a Europa é um problema; nós, pela nossa parte, continuamos a acreditar
que é da Europa e com a Europa que terá de vir a solução definitiva.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
O Sr. Honório Novo (PCP): — Que grande comentário a uma proposta!
A Sr.ª Presidente: — Tem a palavra a Sr.ª Secretária de Estado do Tesouro.
O Sr. Honório Novo (PCP): — A Sr.ª Secretária de Estado é que vai esclarecer!
A Sr.ª Secretária de Estado do Tesouro: — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Honório Novo, agradeço a sua
expectativa de uma resposta concreta, que tentarei dar-lhe.
Relativamente à questão da renegociação de juros que referiu, importa dizer, para esclarecimento dos Srs.
Deputados, e sobretudo de quem nos possa estar a ouvir, que a dívida que temos atualmente tem uma
parcela de crédito concedido pelos nossos parceiros europeus e pelo Fundo Monetário Internacional, mas a
grande maioria foi concedido ainda por credores, aquilo a que, habitualmente, se chama «mercados
financeiros». É também importante perceber que os mercados financeiros são as poupanças de todos os
cidadãos, de Portugal e de outros países, são fundos de pensões, são as poupanças que acumularam ao
longo da vida e do seu trabalho.
Ora, se alteramos as condições em que vamos pagar esses empréstimos, em que nos comprometemos a
pagar esses empréstimos, estamos a prejudicar, objetivamente, as poupanças de outros. E é preciso ter em
atenção que, quando se fala dos investidores internacionais, uma grande parte desses investidores
internacionais são a maioria dos investidores na dívida pública portuguesa até ao momento em que tivemos de
pedir um resgate e passámos para os credores oficiais. É, de facto, na generalidade, desses credores que
estamos a falar e o interesse em salvaguardá-los…
O Sr. Honório Novo (PCP): — Fale com os credores!
A Sr.ª Secretária de Estado do Tesouro: — … é, em si próprio, meritório.
O Sr. Honório Novo (PCP): — Fale com eles também, envolva-os!