28 DE NOVEMBRO DE 2012
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Tem a palavra o Sr. Deputado António Filipe.
O Sr. António Filipe (PCP): — Sr.ª Presidente, Srs. Membros do Governo, Srs. Deputados: Já alguém
chamou a este Orçamento um «assalto à mão armada». Não foi um comunista. Foi um conselheiro de Estado,
antigo presidente do PSD, que não fez mais do que expressar o sentimento de repúdio que atravessa todo o
País perante o pior Orçamento de que há memória.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Um assalto à mão armada!
O Sr. António Filipe (PCP): — Um Orçamento que destrói a classe média. Não somos só nós, os
comunistas, que o dizemos, disse-o também um outro conselheiro de Estado, figura proeminente do CDS. Um
Orçamento que nos esmifra a todos. Não fomos nós que o dissemos, foi o Secretário de Estado Carlos
Moedas que o confirmou.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — É verdade!
O Sr. António Filipe (PCP): — Este é o Orçamento insuportável de um Governo moribundo,
desacreditado, vaiado onde quer que vá e repudiado pelos seus próprios eleitores que por todo o País se
juntam à enorme força social de luta, que cresce em cada dia que passa, contra esta política e este Governo e
que é visível hoje mesmo na manifestação que decorre em frente a esta Assembleia.
Aplausos do PCP.
Este é o Orçamento farsa de uma maioria destroçada, em pânico e em pré-debandada, que encenou uma
trégua de conveniência para garantir a sobrevivência do Governo durante o debate orçamental e que fingiu
alterar a proposta de Orçamento numa tentativa, quase infantil, de enganar os portugueses e de iludir as suas
responsabilidades.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Muito bem!
O Sr. António Filipe (PCP): — O que diz, então, a maioria?
Introduz-se uma taxa de 3,5% no IRS? Não! Reduz-se em 0,5% uma taxa que o Governo pretendia que
fosse de 4%. Este Orçamento é péssimo? Será! Mas, se não fosse a maioria, seria muito pior! Espoliam-se os
reformados e pensionistas das reformas e pensões para que descontaram ao longo de uma vida de trabalho,
mas alegrem-se os que recebem as pensões mínimas que são aumentadas nuns míseros cêntimos. O
Orçamento desta maioria é um desastre? Será! Mas alegrem-se os portugueses que o proposto pelo Governo
ainda conseguia ser muito pior.
Sr.ª Presidente, Srs. Deputados: Incapaz de defender um Orçamento indefensável, a maioria passou este
mês e meio a repetir a cansativa ladainha do Memorando da troica, que foi assinado pelo PS, como se o PSD
e o CDS nunca o tivessem apoiado, e a encenar discursos gongóricos de apoio a um Orçamento em que não
acreditam.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!
O Sr. António Filipe (PCP): — Srs. Deputados da maioria: já bastam as mentiras com que enganaram os
milhares de portugueses que incautamente vos confiaram os votos. Não insultem mais a inteligência dos
portugueses!
Aplausos do PCP.
E, sobretudo, Srs. Deputados, não se iludam. Os portugueses sabem que este Governo é o vosso Governo
e que este Orçamento é o vosso Orçamento. Este é o Governo e este é o Orçamento do PSD e do CDS-PP e