6 DE DEZEMBRO DE 2012
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O Sr. João Oliveira (PCP): — … não abdicamos das condições que permitam o nosso desenvolvimento. E
a avaliação que fazemos da integração de Portugal na, então, CEE e, hoje, União Europeia é a de que ela foi
profundamente prejudicial para o nosso País, constituiu uma grave lesão dos interesses nacionais,…
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Muito bem!
O Sr. João Oliveira (PCP): — … em particular das possibilidades de desenvolvimento, sobretudo de
desenvolvimento económico. A integração de Portugal na Comunidade Económica Europeia — hoje, União
Europeia — significou a destruição do nosso aparelho produtivo, a criação de défices estruturais e uma
situação gravíssima de dependência externa do nosso País, pela qual estamos, hoje, a pagar uma fatura
muitíssimo significativa.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Exatamente!
O Sr. João Oliveira (PCP): — Aquilo que dizemos é que há um aspeto que se projeta para o futuro com
uma grande urgência, que é a necessidade de termos em Portugal um Governo que faça o confronto do
interesse nacional com as políticas europeias, porque, até hoje, em Portugal, nunca tivemos um Governo que
fosse capaz de confrontar a União Europeia com um caminho próprio de desenvolvimento e defesa do
desenvolvimento do nosso País.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Muito bem!
O Sr. João Oliveira (PCP): — Mas esse caminho precisa de ser feito. É preciso termos, em Portugal, um
Governo que faça esse confronto com a União Europeia e que diga que, se, em matéria de política agrícola
comum, em matéria de política de pescas, em matéria de política económica, há definições de políticas
europeias que colidam com o nosso interesse, que colidam com o desenvolvimento do País, temos de afirmar
a nossa soberania, a capacidade de sermos nós a escolher o caminho de desenvolvimento e de não
aceitarmos, resignadamente, o caminho que outros nos impõem.
Vozes do PCP: — Muito bem!
O Sr. João Oliveira (PCP): — A verdade, Sr. Deputado, é que, hoje, quando olhamos para quem manda
na União Europeia, percebemos que esta União Europeia não é uma construção ao serviço dos povos, não é
uma construção ao serviço do desenvolvimento do nosso País. E por isso dizemos que esta União Europeia
não é reformável, porque esta União Europeia é uma construção política ao serviço dos interesses do capital.
Por isso, temos de afirmar, com muita clareza, o direito inalienável do povo português a decidir o seu
caminho, a decidir um caminho de desenvolvimento que sirva todos os portugueses e não o capital, que sirva
os interesses do desenvolvimento económico e do desenvolvimento social, da melhoria das condições de vida
do nosso País, da capacidade de não dependermos de outros, de não estarmos sucessivamente, como temos
estado nos últimos anos, dependentes das imposições que outros querem fazer ao nosso País.
A Sr.ª Presidente: — Queira terminar, Sr. Deputado.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Termino, Sr.ª Presidente.
Dessa opção, Sr. Deputado Pedro Delgado Alves, dessa opção pela defesa da nossa soberania o PCP não
abdica.
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente: — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra a Sr.ª Deputada Cecília Honório.