I SÉRIE — NÚMERO 26
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A Sr.ª Presidente: — Queira terminar, Sr.ª Deputada, uma vez que já usou quase o dobro do tempo de que
dispunha.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Termino mesmo, Sr.ª Presidente.
Este é ou não um Governo que urge cair, Sr. Deputado?
A Sr.ª Presidente: — Sr. Deputado João Oliveira, para responder, tem a palavra.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Sr.ª Presidente, Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia, obviamente, quero também
agradecer as referências que fez à realização do XIX Congresso do PCP e responder às suas questões,
começando pela indisponibilidade das várias maiorias, dos três partidos que têm passado pelo Governo, para
auscultar o povo português sobre a integração europeia.
Julgo que a resposta a essa matéria é óbvia. Aliás, da parte do PCP temo-la dado frequentemente. Não
correspondendo este processo de integração europeia aos interesses dos povos, em particular aos interesses
do povo português, é óbvio que os vários Governos evitaram consultá-lo não fosse o povo português traduzir
num referendo…
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Ora bem!
O Sr. João Oliveira (PCP): — … essa desconformidade que existe entre o processo de integração
europeia e os interesses dos povos. Aliás, não fosse o povo português fazer aquilo que outros povos fizeram,
nomeadamente o irlandês e o francês, aquando dos referendos, que se pronunciaram contra algumas das
fases deste processo de integração europeia, os Governos portugueses limitaram-se a impor aos portugueses
um determinado caminho, que hoje se revela profundamente negativo e prejudicial, sobretudo na perspetiva
dos interesses dos trabalhadores e do povo português.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Muito bem!
O Sr. João Oliveira (PCP): — Continuamos a dizer que não prescindimos do direito inalienável do povo
português de definir o seu próprio caminho, nem da necessidade de participação na definição do processo de
integração e de manutenção, ou não, de Portugal na União Europeia. Consideramos que esse é um direito
inalienável e que ninguém o pode pôr em causa. E afirmamo-lo, uma vez mais.
Relativamente às questões que colocou a propósito do pacto de agressão da troica e das suas várias
capas ou das suas várias formas, é óbvio que, mesmo sob outra capa e sob outra forma, o pacto de agressão
da troica não deixa de ser aquilo que é. O pacto de agressão da troica é um programa que visa satisfazer os
interesses do capital à custa do povo português, à custa dos trabalhadores,…
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Muito bem!
O Sr. João Oliveira (PCP): — … impondo a exploração dos trabalhadores, impondo o desvio de recursos
do Orçamento do Estado para os cofres da banca e para os buracos criados pela especulação financeira.
Portanto, mesmo sob outra capa ou sob outra forma, o pacto de agressão não deixa de ser aquilo que é,
isto é, não deixa de ser um programa ao serviço do capital, contrário aos interesses do povo e dos
trabalhadores.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Muito bem!
O Sr. João Oliveira (PCP): — E, para responder à última pergunta que colocou, obviamente que o
Governo que executa este pacto é, como foi dito no Congresso do PCP, um Governo que, embora tenha
legalidade para levar por diante as suas funções, não tem legitimidade. E não tem legitimidade, porque a
política que executa não foi a política com que se comprometeu em eleições. A política que este Governo está
a levar por diante não foi a política com que se comprometeu perante os portugueses, particularmente perante