6 DE DEZEMBRO DE 2012
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Portanto, Sr. Deputado Emídio Guerreiro, mesmo que não fossemos mais atrás para perceber as
responsabilidades que os partidos da direita (o PSD e o CDS) têm, só pelas conivências e pelos
entendimentos que assumiram com os Governos do Partido Socialista também os senhores são responsáveis
pela situação em que o País se encontra.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Muito bem!
O Sr. João Oliveira (PCP): — Para concluir, Sr. Deputado Emídio Guerreiro, queria dizer-lhe o seguinte:
quando quatro quintos do empréstimo usurário da troica foram, e estão a ir, direitinhos para os cofres da banca
e dos especuladores; quando os senhores mantêm milionários negócios privados à custa de dinheiro público,
como sucede com o financiamento das escolas privadas, e que neste fim-de-semana se tornou ainda mais
evidente; quando os senhores satisfazem esse tipo de interesses, não venham dizer que é cortando nas
funções sociais do Estado, as quais visam garantir os direitos dos cidadãos, que se resolvem os problemas do
Estado. O Sr. Deputado quer encontrar respostas para a crise? Procure-as na Constituição, porque elas estão
lá todas!
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente: — Antes de dar a palavra ao próximo orador, quero cumprimentar o Sr. Deputado
Jerónimo de Sousa pela sua reeleição no Congresso e desejar-lhe, bem como ao PCP, as maiores felicidades
para participar no Parlamento e na democracia.
Tem a palavra, para uma declaração política, a Sr.ª Deputada Catarina Martins.
A Sr.ª Catarina Martins (BE): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Soubemos hoje mesmo, no
Parlamento, que a RTP está sujeita a controlo político. Num memorando interno de 6 de novembro, a direção
de informação ficou sem autoridade e sujeita ao Conselho de Administração para decidir que notícias são
colocadas no ar. Ou seja, ficámos a saber que a direção de informação do serviço público de rádio e televisão
deixou de ser independente e que existe um clima persecutório contra quem não favorece a tutela política.
A gravidade extrema desta situação não pode ser ignorada, sob pena de aceitarmos e naturalizarmos toda
e qualquer limitação à democracia e à liberdade de imprensa.
Foi hoje denunciado, mais uma vez, que quem não agradar ao Ministro Relvas leva — e não vale a pena o
Governo esconder-se por detrás de eficientes capatazes. Em apenas um ano e meio, este Governo conseguiu
demitir um Conselho de Administração e nomear outro; conseguiu demitir uma direção de informação e
nomear outra; e conseguiu instalar um clima de medo no interior da RTP.
Quando o Governo se prepara, em moldes que um dia ainda nos há de explicar, para alienar o canal
público de rádio e televisão, caso único e sem igual em toda a Europa, percebemos bem tanta pressa em
alterar e reconfigurar a estrutura diretiva do canal público.
Percebemos bem tanta pressa em afastar todos quantos se opõem aos planos de Borges e de Relvas,
quando lemos as notícias desta semana que dão conta que o Governo se prepara para entregar metade da
RTP a capitais angolanos próximos de um regime que é acusado, em dezenas de relatórios internacionais, de
atacar seriamente a liberdade de imprensa.
Entregar a RTP a capitais privados não é só um disparate económico é também um sério entrave ao
pluralismo informativo e um retrocesso na diversidade de conteúdos.
Em toda a Europa, e até mesmo nos liberais Estados Unidos da América, os serviços públicos de rádio e
televisão são o garante de democracia e o primeiro instrumento das políticas públicas para a cultura.
Mais: num País em que quase metade da população se encontra espalhada pelos quatro cantos do mundo,
a RTP não é apenas um canal de rádio e televisão, é o principal instrumento da diplomacia portuguesa e a voz
de milhões de cidadãos que por uma razão ou por outra emigraram do País.
Sr.as
e Srs. Deputados do PSD e do CDS, nesta matéria não há declaração de voto que valha à maioria.
Onde está o CDS? Vai fazer como fez com o Orçamento do Estado: colocar notas no Facebook a pedir
desculpas a si próprio, enquanto deixa o País e a democracia nas mãos do autoritarismo?