6 DE DEZEMBRO DE 2012
17
informação que não é aceitável, é uma limitação da liberdade de informação na RTP, é uma
instrumentalização, é uma governamentalização inaceitável do serviço público de rádio e televisão.
É para nós complicado acreditar que Miguel Relvas possa ser o garante do regular funcionamento da RTP,
porque não há coincidências, e a verdade é que sabemos que o plano do Ministro Miguel Relvas sempre foi
privatizar a RTP. Sabemos também que, quando esse plano foi anunciado por António Borges na televisão,
houve, na RTP, quem dissesse que esse plano não tinha sentido — disse-o o Conselho de Administração e
disse-o o Diretor de Informação. O Conselho de Administração foi demitido, o Diretor de Informação foi
demitido. A verdade é que não há coincidências, e as vozes que na RTP foram contra o plano de privatização
já estão fora da RTP. Não há coincidências!
Sobre a cultura e os cortes nesta área, sabemos que o Governo tem feito vários malabarismos para adiar
sucessivamente tudo aquilo que são políticas culturais. Ou seja, o Governo decidiu parar tudo, mas, em vez de
dizer «parar tudo», diz assim: «Vamos aqui arranjar uma coisa, depois outra e depois talvez uma outra. Não
vai acontecer nada, mas estamos sempre a dizer que vamos estar a fazer alguma coisa, a pensar alguma
coisa, a fazer uma regulamentação». Entretanto, está tudo parado e os cortes são a 100%.
Uma última nota. O Sr. Deputado fez aqui uma justa homenagem a Joaquim Benite, que todos perdemos
hoje. É sempre complicado falar, nestes dias, das perdas que são grandes para nós. Jorge Silva Melo dizia
hoje que a maior obra-prima de Joaquim Benite foi o público. Julgo que tantos e tantas de nós somos hoje
público de teatro por causa de Joaquim Benite.
Aplausos do BE e do PCP.
A Sr.ª Presidente: — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Michael Seufert.
O Sr. Michael Seufert (CDS-PP): — Sr.ª Presidente, Sr.ª Deputada Catarina Martins, sobre os faits divers
de um caso que os senhores quiseram politizar, quero apenas fazer uma nota muito breve.
A Sr.ª Deputada falou de medo, falou de ingerência. O que perguntamos muito claramente é se houve, ou
não, o exercício de mandato do Diretor de Informação feito com inteira liberdade; se houve alguma afirmação
de Nuno Santos que nos leve a crer que houve algum tipo de pressão política do Governo sobre a RTP; se
houve relato de algum responsável sobre ingerência ou tentativa de ingerência do Governo.
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
O Sr. Michael Seufert (CDS-PP): — A Sr.ª Deputada vem aqui com um guião pré-escrito, um guião que
não liga com a realidade. Nós percebemos essa necessidade, mas é pena que nem o Bloco de Esquerda —
porque também é disso que se fala aqui — nem o PCP tenham tido uma palavra para condenar uma hora e
meia de apedrejamentos da polícia nas escadarias deste Parlamento.
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
O Sr. António Filipe (PCP): — Essa agora!
O Sr. Michael Seufert (CDS-PP): — Sr.ª Deputada, quanto à questão da cultura — esta, sim, finalmente,
ao fim de 3 ou 4 minutos de intervenção, política —, gostava, em primeiro lugar, de dar-lhe as boas-vindas de
regresso ao debate sobre o orçamento da cultura neste Parlamento.
Quando o Orçamento do Estado foi discutido na especialidade, o Bloco de Esquerda entendeu não se fazer
representar na audição do Sr. Secretário de Estado da Cultura, mas, se tivesse vindo ou se tivesse tido o
cuidado, ainda que não tivesse estado presente, de consultar as atas e de fazer o visionamento das imagens
dessa audição, teria aprendido uma coisa. O Sr. Secretário de Estado da Cultura tomou posse no dia em que
terminou o prazo de auscultação pública sobre a regulamentação da lei do cinema, pelo que entendeu
prolongar esse prazo para lhe dar tempo para se inteirar das necessidades do setor e para que todos, do
setor, pudessem contribuir para essa audição pública.