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6 DE DEZEMBRO DE 2012

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Em cada Conferência das Partes se determinava que a próxima é que resolveria tudo. Estamos na última

Conferência das Partes do período de Quioto e sabe-se que nada ficou nem ficará resolvido, a não ser o que

já se sabia em Durban, ou seja, que tudo foi «chutado» para o futuro, futuro esse onde se tentará um acordo

para estar pronto em 2015 e para entrar em vigor em 2020. E de 2012 até 2020, o que acontece? E depois de

2020, o que vai ser acordado? O certo é que, até 2020, era preciso que, das 50 000 milhões de toneladas de

gases com efeito de estufa lançados anualmente para a atmosfera, se conseguisse, pelo menos, a redução

para 44 000 milhões e que, que uma década depois, se conseguisse reduzir para 35 000 milhões.

A verdade é que se perspetiva hoje que podemos chegar a 2020 com emissões mais intensas, de 52 000

milhões de toneladas anuais.

Esta irresponsabilidade determina que tudo depois será mais difícil de atenuar e que será sempre mais

caro, a cada ano que passa, mitigar e promover adaptações sobre o que está aceleradamente em curso, no

que respeita ao aquecimento global.

Sabendo-se tudo o que hoje se sabe sobre as consequências do aquecimento do planeta, sendo já tantas

populações e Estados deste mundo vítimas diretas do fenómeno das alterações climáticas, é legítimo

perguntar a razão de ser desta declaração de guerra ao mundo. Por que razão para os mercados financeiros

se esbanjam horrores de dinheiro, por que razão se gastam tantos biliões em programas bélicos e por que

razão se poupa tanto no que tem repercussões tão diretas sobre as economias, sobre a sustentabilidade,

sobre as populações ou sobre o ambiente?

Sr.as

e Srs. Deputados, o tempo é cada vez mais escasso para atingir resultados frutuosos. As

consequências da mudança climática são já hoje amplamente sentidas, os extremos climáticos cada vez são

mais regulares, como o mundo assistiu, por exemplo, com o furacão Sandy, que causou dezenas de mortes,

ou com o tufão Bopha, agora, nas Filipinas, que já causou mais de 230 mortes e mais de 120 000 desalojados;

os tornados mais expostos, que até em Portugal experimentámos há pouco tempo no Algarve; as cheias

devastadoras como as que ocorreram em Inglaterra; as secas intensas como as da África subsariana; a

proliferação de doenças como a malária ou a dengue em lugares onde estavam atenuadas ou de há muito

ausentes.

Chegar-se-á a um ponto onde este clima grosseiro e impiedoso quebrará a produção de alimentos,

gerando mais fome no planeta. Não são profecias, Sr.as

e Srs. Deputados! São conquistas de conhecimento

científico, hoje demonstradas já por sinais demasiado claros.

O mundo ameaça ser invadido por um aumento de 4º C de temperatura média, no decurso deste século. A

luta, hoje, é para que essa temperatura média não aumente mais do que 2º C. Mas, por este andar, com estes

Chefes de Estado e de Governo, com esta obsessão pelos ditames do mundo financeiro, com esta

incompetência no que respeita à tomada de medidas que promovam um mundo melhor e mais sustentável,

corremos o risco de o planeta ditar a sua própria resposta. A todos nós, aqueles que acreditamos que a

humanidade não pode desistir, compete-nos continuar a exigir, a propor e a pressionar para o sucesso dessa

humanidade e do nosso planeta. Esse é obviamente um compromisso de Os Verdes.

A Sr.ª Presidente: — Inscreveram-se, para pedir esclarecimentos, os Srs. Deputados António Leitão

Amaro, do PSD, e Paulo Sá, do PCP, aos quais a Sr.ª Deputada responderá em conjunto.

Tem a palavra o Sr. Deputado António Leitão Amaro.

O Sr. António Leitão Amaro (PSD): — Sr.ª Presidente, Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia, deixe-me

agradecer-lhe ter trazido este tema, importante, fundamental e crucial para o futuro da humanidade, a esta

Assembleia, neste momento.

O PSD acredita, por um lado, que as alterações climáticas são um flagelo global extremamente

preocupante que põe em causa o futuro da humanidade, e, por outro, que o rumo que a humanidade leva tem

causas humanas. Por isso, se tem causas humanas, ações humanas têm de ser tomadas para que essas

causas sejam invertidas.

Assim, juntamo-nos à sua preocupação, porque todo o mundo sofre e Portugal — está identificado — é um

dos países na Europa que mais sofre com as consequências das alterações climáticas. E juntamo-nos

também ao seu apelo: é fundamental que os governos do mundo façam mais, é necessário que os governos