6 DE DEZEMBRO DE 2012
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os portugueses que, tendo votado no PSD e no CDS, hoje, se manifestam profundamente indignados, porque
foram e estão a ser enganados. Por isso, também já hoje muitos portugueses engrossam as fileiras da luta
contra este Governo, contra o pacto de agressão da troica e contra a política de direita.
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente: — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Emídio Guerreiro.
O Sr. Emídio Guerreiro (PSD): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado João Oliveira, gostaria de começar por
cumprimentar o Partido Comunista Português pela realização do seu Congresso e, em particular, felicitar e
cumprimentar o Sr. Deputado João Oliveira pela sua eleição para o Comité Central.
Gostaria de reafirmar que temos — o PSD e o PCP — visões diferentes de Portugal, da sociedade
portuguesa. No PSD, discordamos regularmente do tipo de linguagem que o PCP utiliza nestes debates, mas
sabemos conviver democraticamente e de uma forma saudável no espaço parlamentar, porque assim
contribuímos de forma decisiva para a consolidação da democracia portuguesa.
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. Emídio Guerreiro (PSD): — O Sr. Deputado falou das grandes dificuldades e dos tempos difíceis
que o nosso País vive. E também já ouvimos aqui, de forma despudorada, o Partido Socialista fazer de conta
que não governou este Pais, ouvimos aqui, de forma despudorada, o Partido Socialista a não querer assumir
que fará amanhã um ano e meio que o povo português o tirou do poder.
O Sr. Luís Menezes (PSD): — Muito bem!
O Sr. Emídio Guerreiro (PSD): — Mas se o tirou do poder foi porque o Partido Socialista lá estava e os
últimos seis anos — para não falar de 13, dos últimos 17 anos — em que o Partido Socialista esteve a
governar Portugal tiveram implicações diretas no que se passa hoje, porque duplicar a dívida em seis anos
não é tarefa fácil. É tarefa fácil para um Governo irresponsável, como aquele que tivemos!
Sr. Deputado, gostaria de lhe lançar uma questão que, neste momento, me parece decisiva. Todos nós
sabemos que cerca de quatro quintos do dinheiro dos impostos dos portugueses, ou seja, cerca de 80% dos
impostos dos portugueses, são, e bem, aplicados na segurança social, nas pensões, nos apoios sociais, na
educação e na saúde, o que significa que os restantes 20% têm que custear a cultura, a economia, a
agricultura, a segurança, a polícia, as obras públicas e a dívida que nos deixaram.
Ora, o que é necessário saber — e lanço este desafio — é se o Partido Comunista está ou não disponível
para olhar para esta questão e participar no debate nacional que é necessário fazer sobre as funções do
Estado, de forma a podermos preservar um Estado social coerente e sustentável. Esta é a pergunta que
gostaria de lhe lançar, porque receio que o Partido Comunista queira fazer nesta matéria, que é essencial para
o futuro do País, o mesmo que fez com a troica, que foi faltar às reuniões, não aparecer nas mesmas, não
discutir, não debater.
Este desafio que lanço ao Partido Comunista é extensivo a todos os partidos e a toda a sociedade
portuguesa, porque, se não existir uma reflexão sem tabus, séria e transparente, nunca conseguiremos dar o
salto qualitativo de que este País precisa para ser sustentável.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — Sr. Deputado João Oliveira, tem a palavra para responder.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Emídio Guerreiro, começo por agradecer as
referências que fez à realização do nosso Congresso.
Sr. Deputado, passo, agora, a responder às suas perguntas.