15 DE DEZEMBRO DE 2012
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O Sr. Pedro Alves (PSD): — A nossa iniciativa incide exclusivamente sobre a produção pecuária, que tem
associada um elevado peso burocrático e, consequentemente, financeiro, de modo a cumprir as regras de
qualidade e segurança alimentar, harmonizadas a nível europeu.
Estes processos são essenciais para que se mantenha na Europa um nível de qualidade na produção
pecuária de excelência, garantindo aos consumidores produtos com esta mais-valia. Contudo, a manutenção
de sistemas de monitorização dos animais e respetivo controlo veterinário representam elevados custos de
produção.
Perante isso, exige-se inovação na equação de sistemas e procedimentos que garantam a monitorização
da produção, mas que, simultaneamente, reduzam custos para os produtores.
Esta necessidade é tanto mais importante quando se registam anualmente aumentos dos fatores de
produção, não repercutidos no preço final do produto. Recorde-se que, só neste ano de 2012, o custo da
alimentação animal, em média, aumentou mais de 7%, de acordo com dados recentes do Instituto Nacional de
Estatística.
Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: O contexto económico em que nos encontramos parece ser uma
oportunidade para o desenvolvimento de sectores que aumentem a capacidade produtiva do País,
nomeadamente na agricultura. Como tal, exige-se ao poder político que, através de incentivos adequados,
promova o crescimento das empresas instaladas e procure formas de incentivar novos investimentos no setor
estratégico para Portugal.
Nesta conjuntura, o que o PSD e CDS pretendem com o projeto de resolução n.º 502/XII (2.ª) é dotar a
produção pecuária de alternativas tecnológicas.
Se a adequação à realidade socioeconómica na Administração Pública já seria, por si, um ganho
significativo para o Estado, com a modernização administrativa este ato de desmaterialização e reengenharia
de processos reveste-se de maior relevância, uma vez que se dirige, em particular, ao
detentor/produtor/agricultor.
Através desta modernização e desmaterialização de processos, estaremos a capacitar o produtor de
instrumentos de gestão que lhe permitirão adquirir competências e aprofundar as potencialidades que a base
de dados do SNIRA oferece. Para isso, propomos a construção de uma plataforma tecnológica abrangente
que suporte a desmaterialização dos modelos e guias de notificação de existências, de deslocações de
animais e do acompanhamento de resíduos, com a integração on line de ferramentas disponíveis de acesso
aos utilizadores e subsequente monitorização por parte das autoridades competentes de fiscalização.
É um processo que se quer gradual e em parceria com as organizações locais, cuja colaboração com os
pequenos produtores tem sido determinante.
Por outro lado, pretende-se que se possibilite o SNIRA de regulamentar o exercício da atividade pecuária
numa plataforma igualmente desmaterializada.
São estas recomendações que julgamos ser as mais adequadas para os produtores e para os serviços do
Ministério da Agricultura. Perante estas recomendações concretas na tomada de medidas, o projeto do PCP
sobre o mesmo assunto, também hoje em discussão, parece-nos curto, incompleto e atrasado, na medida em
que apenas propõe medidas para desburocratizar o SNIRA, sem apresentar qualquer alternativa.
Neste sentido, termino questionando o PCP sobre a posição que tem sobre a nossa iniciativa, sabendo
contudo que, inicialmente, duvidou do mérito da nossa proposta.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Para intervir, pelo CDS-PP, tem a palavra o Sr. Deputado Manuel
Isaac.
O Sr. Manuel Isaac (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Este projeto de resolução não é,
nem mais, nem menos, do que um «Simplex» para a agricultura há muito desejado pelos agricultores.
Iniciou-se há semanas atrás com a desmaterialização do nascimento e morte dos bovinos e é um caminho
iniciado que tem de se levar a bom termo, atendendo aos custos que tem para o setor agropecuário no nosso
País.