15 DE DEZEMBRO DE 2012
61
decretada a 17 de maio de 2011 quando o anterior Governo da República tornou público o acordo a que
chegou com a troica.
Pessoalmente, o signatário prefere ser acusado de ter viabilizado uma reforma que lhe merece algumas
reservas mas relativamente à qual lutou para obter cedências concretas e alterações significativas, do que se
diga que nada fez para que o resultado final desta reorganização administrativa fosse diferente.
Daqui resulta claro que, apesar de sempre ter manifestado reservas a uma reforma administrativa que é
feita não por opção mas por imposição, o signatário teve até a coragem de em plena campanha eleitoral deixar
claro que, independentemente do resultado das eleições ditar um Governo PSD ou PS, esta reforma teria
sempre que ser feita.
Quem foi candidato a Deputado por um dos três partidos que viabilizaram o acordo com a troica e agora
exerce essas funções é para o bem e para o mal que, em nome do interesse nacional, deve agir e dar
cumprimento aos compromissos do país.
O comportamento do Grupo Parlamentar socialista, constituído em um terço dos Deputados por ex-
membros do Governo Sócrates, é bem demonstrativo do descaramento, da falta de responsabilidade, do
interesse mesquinho e puramente eleitoralista que conduziram o País ao ponto de não ter alternativa senão
pedir ajuda internacional e abdicar de parte da sua soberania.
Perder votos, sacrificar uma eleição é um preço que qualquer político que pensa acima de tudo no
interesse comum tem de correr.
Enquanto alguns se limitavam a dar entrevistas para justificar terem hoje uma opinião distinta da do
passado ou da dos líderes que apoiaram, outros havia que tudo fizeram para que a versão final da lei, a atual,
fosse diferente, para melhor, da proposta inicial do Governo conhecida em novembro do ano passado e fosse
até diferente, para melhor, da proposta que em março foi votada, na generalidade, na Assembleia da
República.
O caminho era baixar os braços, dizer mal da vida, apontar o dedo a quem levou o País à bancarrota e
negociou a inclusão no Memorando da troica ou então trabalhar para que a proposta final fosse o menos
gravosa possível.
Entre 1995 e 2011, o caminho que trouxe o País ao ponto de ter de pedir ajuda internacional foi um
caminho em que, ao arrepio do interesse nacional, se pensou muito mais nas próximas eleições do que nas
próximas gerações.
O caminho para o País voltar a recuperar a sua soberania e deixar de fazer reformas por «imposição» ou
por «obrigação», mas sim, desejavelmente, por «opção», é um caminho difícil e que irá exigir de todos os
setores da sociedade o assumir das respetivas responsabilidades.
O caminho defendido pelo BE, PCP e PEV, o qual passa pelo não cumprimento unilateral dos
compromissos assumidos internacionalmente por Portugal, entre os quais o da realização de uma
reorganização administrativa do território, colocaria Portugal como um Estado pária.
O ajustamento pelo qual Portugal está a passar passaria a ser um processo descontrolado, com a
impossibilidade do País se financiar externamente de um momento para o outro e de obter o apoio
internacional necessário à realização de reformas na sua economia que permitam ao País, a médio-longo
prazo, crescer economicamente, atrair investimento, gerar mais emprego, ser um País mais próspero e justo.
O perigo de, pura e simplesmente, se deixar de ter dinheiro para fazer face aos compromissos correntes
tornar-se-ia uma realidade. A saída do euro seria inevitável e o País pagaria um custo reputacional que só
teria paralelo na nossa história com o que o País viveu nas quatro décadas subsequentes à bancarrota parcial
que Portugal teve em 1892.
Com os projetos de lei referenciados no título, os partidos proponentes são coerentes com o que
defendem, mas não pesam as consequências de se «rasgar» unilateralmente o compromisso internacional a
que a incompetência dos últimos Governos socialistas obrigou o País.
Não resta, pois, alternativa ao signatário, apesar das reservas reiteradas nesta declaração de voto quanto à
reforma administrativa, senão votar contra as iniciativas em apreço.
O Deputado do PSD, Nuno Reis.
———