20 DE DEZEMBRO DE 2012
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O Sr. Jorge Lacão (PS): — … atropelo esse que, aliás, não tem nenhum precedente na história do
funcionamento da Assembleia da República.
Aplausos do PS.
Por isso, Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados, anuncio que apresentaremos, um requerimento à
consideração de V. Ex.ª, Sr.ª Presidente, considerando que no exercício da sua função de Presidente lhe
incumbe assegurar integralmente o cumprimento do Regimento da Assembleia da República. E estamos
confiantes de que ele será, obviamente, ponderado pelo seu mérito.
Por outro lado, Sr.as
e Srs. Deputados — e com isto concluo —, é totalmente evidente que a razão de ser
pela qual a maioria impediu a realização de um direito potestativo é porque não quer na Assembleia da
República o Ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares a pronunciar-se sobre o fundo da questão.
Aplausos do PS.
Porquê? Porquê, Sr.as
e Srs. Deputados? Por uma razão simples: porque o Governo e a maioria estão
envolvidos num processo sem qualquer transparência, porque o Governo e a maioria têm medo, têm medo,
têm medo de um debate clarificador e tempestivo sobre o assunto.
Aplausos do PS, com Deputados de pé.
A Sr.ª Presidente: — Inscreveram-se, para pedir esclarecimentos, os Srs. Deputados Cecília Honório, do
BE, Fernando Negrão, do PSD, João Oliveira, do PCP, e Nuno Magalhães, do CDS-PP.
Antes de dar a palavra à Sr.ª Deputada Cecília Honório, quero informar que o Sr. Deputado Jorge Lacão
fez chegar a indicação à Mesa de que responderá individualmente a cada Sr. Deputado.
A Sr.ª Cecília Honório (BE): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Jorge Lacão, em primeiro lugar, quero
cumprimentá-lo pela sua declaração política.
Sr. Deputado, quem o viu e quem o vê relativamente à vinda de ministros a esta Assembleia! Mas, então,
tudo mudava numa semana, e é certo que tudo mudou muito no último ano e meio.
Vamos aos factos: é certo que o requerimento apresentado pelo Partido Socialista diz respeito a comissões
que têm, nesta matéria, competências partilhadas; é certo que houve um atropelo às reservas do direito, que é
o direito potestativo; e é certo, e para nós evidente, que esta matéria, como aqui invocou, tratando-se de
serviço público, estamos, de facto, a tratar de direitos fundamentais e de aspetos que são estruturantes da
cidadania e do futuro deste País. Não temos qualquer equívoco sobre esta matéria, que está
constitucionalmente resguardada, como o Sr. Deputado aqui bem apontou.
Sr. Deputado, quero perguntar-lhe se nos acompanha nesta apreciação, que nos parece inevitável, se a
maioria não mudar de opinião: a de que a maioria pôs o Sr. Ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares
em nuvem. A maioria tem medo que o Sr. Ministro Miguel Relvas venha explicar ao Parlamento mais esta
imaculada privatização, que venha explicar o que é isto, que modelo é este, que candidato único é este, que
processo tão trapalhão é este. E é evidente que a maioria teme que o Sr. Ministro abra a boca.
No entanto, tenho a dizer-lhe, Sr. Deputado, que a esperança é a última a morrer e que o Bloco de
Esquerda apresentou também um requerimento à 12.ª Comissão, que será avaliado muito brevemente, a pedir
a vinda do Sr. Ministro para esclarecer cabalmente quer o modelo de privatização da RTP e rádios, quer estas
candidaturas sinistras que, evidentemente, estão sobre a mesa e que ameaçam o futuro da estação pública e
o futuro de direitos que estão consagrados constitucionalmente. O Sr. Deputado tem toda a razão nesse
sentido.
Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Jorge Lacão.