I SÉRIE — NÚMERO 32
16
Garantias, pela maioria, se demita da sua responsabilidade de levar esta questão na sua apreciação até ao
fim.
O Sr. Deputado disse que era responsável, pois ficará responsável de uma decisão que não tem paralelo,
nem precedente, na história da Assembleia da República.
Aplausos do PS.
A Sr.ª Presidente: — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado João Oliveira.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Jorge Lacão, hoje de manhã, na 1.ª
Comissão, dissemos e repetimos: vivemos em Portugal, há cerca de um ano e meio, uma espécie de Estado
de sítio não declarado. Há um ano e meio que, com este Governo e esta maioria, a partir de argumentos de
excecionalidade da situação que vivemos, nós assistimos à supressão de direitos, à subversão de regras de
funcionamento democrático e à subversão do regular funcionamento das instituições.
Vozes do PCP: — Muito bem!
O Sr. Luís Montenegro (PSD): — Por amor de Deus!
O Sr. João Oliveira (PCP): — E ao que assistimos hoje de manhã, na 1.ª Comissão, e ao que voltámos a
assistir agora, com esta intervenção do Sr. Deputado Fernando Negrão, que eu muito lamento, foi infelizmente
mais um episódio de uma novela que já não é de hoje, já tem outras incidências, porque já antes, na
Comissão Parlamentar de Ética, confrontados com requerimentos, nomeadamente do PCP, para que o Sr.
Ministro dos Assuntos Parlamentares prestasse esclarecimentos sobre estas matérias, a maioria impediu que
o Sr. Ministro fosse ouvido.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Essa é que é essa!
O Sr. João Oliveira (PCP): — Hoje de manhã, na 1.ª Comissão, já sabíamos que a maioria do PSD e do
CDS-PP tudo faria para proteger o «peso morto» do Governo que é o Ministro Miguel Relvas, para evitar que
este preste contas, para evitar que o Ministro Miguel Relvas assuma as responsabilidades que tem de assumir
no confronto com a fiscalização política que cabe a esta Assembleia da República.
Vozes do PCP: — Muito bem!
O Sr. João Oliveira (PCP): — Mas Sr. Deputado Fernando Negrão, Srs. Deputados da maioria, o Sr.
Ministro Miguel Relvas é o Ministro dos Assuntos Parlamentares e tem de vir à Assembleia da República
prestar esclarecimentos.
Aplausos do PCP.
Sr.as
e Srs. Deputados, o que ocorreu hoje na 1.ª Comissão foi mais um episódio de subversão das regras
de normalidade democrática e de subversão do regular funcionamento das instituições, com a maioria a
impedir a audição do Ministro Miguel Relvas, evitando e impedindo o exercício de um direito previsto no
Regimento para os grupos parlamentares. E nós já percebemos qual é a tática que a maioria utiliza: é a tática
de servir de expedientes para recorrer da admissibilidade das iniciativas que são apresentadas para, por essa
via, pela via do voto da maioria, cilindrar a lei, cilindrar a Constituição, cilindrar o Regimento e cilindrar a
democracia, Sr. as
e Srs. Deputados.
Aplausos do PCP.