I SÉRIE — NÚMERO 37
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O Sr. José Lello (PS): — Sr.ª Presidente, Srs. Deputados: O diploma ora em apreço trata de um problema
que afeta um grupo substancial e importante da Marinha designado por troço do mar, que é um dos quatro
grupos existentes no quadro de pessoal militarizado da Marinha.
Os elementos que o constituem exercem uma multiplicidade de serviços de acrescida responsabilidade e,
em simultâneo, substituem sistematicamente pessoal afeto a outros setores específicos da Marinha, como já
aqui foi referido, nomeadamente do Instituto de Socorros a Náufragos. Dão também continuado apoio a
diversos departamentos sensíveis da Marinha, designadamente aos faroleiros da Direção de Faróis e à própria
Polícia Marítima.
Este é, pois, um corpo dedicado e empenhado de profissionais ao serviço da Marinha. Contudo, são objeto
de uma discriminação gritante, nomeadamente no que toca a condições de promoção, tendo em conta as
específicas condições de que beneficiam os elementos dos demais três grupos integrantes do já referido
quadro de pessoal militarizado da Marinha.
O troço do mar abrange um efetivo reduzido em relação ao todo que é o quadro já referido. Poder-se-á
dizer que tem, até, caraterísticas residuais, mas nem por isso o desequilíbrio nas condições de promoção foi
até agora ultrapassado, o que coloca estes servidores do Estado em dificuldade, num tempo em que muitos
deles se abeiram da idade da reforma.
Legislar sobre carreiras, é abordar um tema muito sensível, porque a insuficiência de dados e a carência de
uma perspetiva de conjunto não permite avaliar os impactos quer financeiros, quer estruturais que tais
medidas possam vir a ter, designadamente, neste caso específico, nos demais grupos do citado quadro. É
pois chegado o momento de o Governo apresentar um estudo que nos diga que impactos, que efeitos de
arrastamento e, sobretudo, o que falta para se fazer justiça aos elementos integrantes do troço do mar.
Quanto ao projeto de lei n.º 156/XII (1.ª), que se focaliza numa situação de manifesta injustiça e que
abrange as carreiras dos sargentos fuzileiros deficientes das Forças Armadas graduados em sargento-mor,
diria que múltiplas foram as iniciativas legislativas apresentadas sobre o tema. Todavia, acabaram por não ser
cumpridos critérios de equidade em relação a situações que seriam em tudo idênticas a esta, perpetuando-se,
assim, uma injustiça manifesta.
Chega-se, pois, assim, a 1967, em que um grupo de sargentos fuzileiros deficientes das Forças Armadas e
graduados em sargento-mor se diz inibido de optar pelo serviço ativo, como outros, em circunstâncias
idênticas, o puderam legalmente fazer.
O meu camarada e saudoso amigo Deputado Marques Júnior não raras vezes abordou a defesa deste
caso, aqui, nesta Câmara, sem que o imbróglio burocrático tivesse permitido uma saída clara para este
problema. Por isso se impõe, de uma vez por todas, resolver as injustiças que se vêm eternizando.
Contudo, perante o desconhecimento real sobre quantas pessoas poderiam ser abrangidas pela medida
que agora é proposta, impõe-se que o Governo venha aqui esclarecer esse ponto ao Parlamento, sobre qual o
impacto da medida, até porque outras classes de militares, quer oficiais, quer praças, encontram-se em
situações idênticas.
Impõe-se que o Ministro da Defesa Nacional assuma a reposição desta justa causa de uma forma
igualmente justa sem que, mais uma vez, alguém possa ficar para trás.
Aplausos do PS.
A Sr.ª Presidente: — Estão ainda inscritos para intervir os Srs. Deputados João Gonçalves Pereira, pelo
CDS-PP, Mariana Aiveca, pelo Bloco de Esquerda, e Carina Oliveira, pelo PSD.
Tem a palavra, Sr. Deputado João Gonçalves Pereira.
O Sr. João Gonçalves Pereira (CDS-PP): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Temos aqui em
análise dois projetos de lei do PCP com a finalidade de corrigir duas situações discriminatórias. A primeira, em
relação aos fuzileiros deficientes das Forças Armadas, um processo longo e antigo em que o CDS-PP sempre
foi solidário para com esses deficientes. Esse processo acabou por passar pelos tribunais, onde foi analisado
no plano jurídico, mas no plano político o CDS-PP continua a entender que esses deficientes das Forças
Armadas têm a sua razão.