10 DE JANEIRO DE 2013
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Para além disso, Os Verdes apresentam um projeto de resolução com vista ao aumento dos níveis de
reciclagem e ao aumento dos níveis de prevenção da produção de resíduos.
Na verdade, Sr.as
e Srs. Deputados, o que podemos constatar, apesar dos níveis de reciclagem não serem
aqueles que desejaríamos, é que os cidadãos (e os Srs. Deputados poderão vê-lo) aderem bem à separação
seletiva do lixo em casa e à sua deposição, por exemplo, nos ecopontos. Há, gradualmente, uma
consciencialização dos cidadãos, que leva a que essa seja já uma prática rotineira em casa.
Ou seja, acredita nisto quem acredita na sensibilização e na consciencialização dos cidadãos, que, na
nossa perspetiva, tem ficado muito aquém daquilo que seria necessário para que esses níveis de reciclagem
disparassem no País.
Em que é que nós acreditamos? Acreditamos que, se os níveis de sensibilização, de informação, de
formação e de consciencialização dos cidadãos aumentarem, aumenta naturalmente também a capacidade ou
o gesto do cidadão para promover essa ação.
Por outro lado, consideramos que não regular o mercado naquilo que diz respeito à produção de resíduos é
um erro, deixar o mercado na livre produção de resíduos, designadamente de embalagens, é um erro. Isto
porque há cidadãos que querem adquirir um determinado produto e não conseguem adquiri-lo sem que o
mesmo venha numa embalagem enormíssima ou, às vezes, em duas embalagens, portanto, duplamente
embalado, ou em embalagens pesadíssimas, às vezes quase com o mesmo peso do produto. Ora, o cidadão
não tem responsabilidade sobre isso. Reparem: o cidadão passa a ser o produtor de resíduos porque adquiriu
o bem embalado e, podendo embora não querer aquele resíduo, que é aquela embalagem, é obrigado a
recebê-la. É claro que se deve reciclar, mas digo isto para provar que há um montão de resíduos produzidos
em Portugal que era possível evitar.
Estou a ver um Sr. Deputado do PSD a dizer que sim com a cabeça e, portanto, a concordar com o que
estou a dizer. Fico, então, perplexa porque Os Verdes apresentaram noutros momentos, e irão reapresentar,
um projeto de lei que visava justamente regular o mercado com o objetivo da redução das embalagens, mas
os senhores não quiseram porque consideram que o mercado é sagrado e que deve gerir livremente a
produção de resíduos como bem entende. E o consumidor que fique sujeito àquilo que o livre mercado, ou
seja, o lucro, entender sobre a matéria. Isso é que está errado! Se queremos ter objetivos ambientais sérios,
temos de regular as questões de modo sério.
Por que razão o mercado não pode ser regulado e por que razão tem de ser o produtor final a pagar?
Pagar para quê? Para o sistema, assim que for privado, gerar lucros e alguém ganhar bem com esse negócio.
Na verdade, é este o vosso objetivo.
Nós acreditamos na consciencialização dos cidadãos. Todos os estabelecimentos de ensino e todos os
serviços abertos ao público devem, na perspetiva de Os Verdes, promover essa sensibilização eficaz dos
cidadãos e o Governo, juntamente com os operadores do setor, deve promover campanhas de informação, de
modo a que se garanta um conhecimento generalizado dos resíduos produtivos e da sua deposição seletiva.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Faça favor de terminar, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Vou terminar, Sr. Presidente.
Para além disso, consideramos que se deve uniformizar a sinalética e a informação prestada aos cidadãos
sobre a deposição seletiva de resíduos.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Pedro
Farmhouse.
O Sr. Pedro Farmhouse (PS): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Quero começar por saudar os
Grupos Parlamentares do PSD, do CDS e de Os Verdes por nos trazerem, hoje, duas iniciativas legislativas
que versam a política de resíduos, seja por via de um novo sistema tarifário, seja numa lógica de prevenção da
produção e deposição.
O Grupo Parlamentar do Partido Socialista concorda com os três pontos resolutivos que Os Verdes nos
trazem, porque, embora previstos nos documentos e instrumentos de política setorial, o que é facto é que a
nossa sociedade necessite de mais e mais robustas campanhas de informação e sensibilização dos cidadãos,