10 DE JANEIRO DE 2013
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português e para que a exploração a que hoje os portugueses estão sujeitos seja, de facto, a condenação
definitiva imposta pelo Governo e pela política do pacto da troica.
Da nossa parte, Sr.ª Deputada já dissemos que o PCP não está disposto para uma discussão que tem
como base o pressuposto de manter o roubo ao povo português, de manter o assalto às condições de vida e
de trabalho dos portugueses.
O que está em discussão com este relatório que o FMI hoje apresentou é uma discussão que tem como
pressuposto a manutenção desse roubo, restando apenas decidir se ele é feito mais na saúde, mais na
educação, mais com despedimentos na função pública ou no corte das prestações sociais.
O PCP não está disponível para fazer uma discussão que tem como base o pressuposto de manter o roubo
a que o povo português está hoje sujeito. Aliás, julgamos que há uma outra discussão muito mais interessante
para fazer: em vez da discussão sobre o corte dos 4000 milhões de euros nos salários e nas funções sociais
do Estado, mais valia discutirmos como vamos cortar os 8000 milhões de euros de juros da dívida que
estamos a suportar neste momento e como vamos cortar os 7000 milhões de euros que o Estado assumiu
como encargos seus para recapitalizar a banca, pedindo empréstimos ao estrangeiro e hipotecando o
crescimento e o desenvolvimento do nosso País.
Essa é a discussão séria que devíamos estar a fazer, tal e qual como devíamos estar a discutir como
vamos cortar os encargos assumidos pelo Estado no pagamento às parcerias público-privadas, sobretudo no
momento em que se impõem sacrifícios e o saque da dimensão daquele que está a ser imposto, neste
momento, ao povo português.
Sr.ª Deputada, para terminar, a questão que gostava de lhe colocar é a seguinte: está ou não o Partido
Ecologista «Os Verdes» disposto para discutir, a sério, o futuro do País? Mas para discutir um futuro do País
que não signifique hipotecar as condições de vida do povo português e sacrificá-las perante os interesses do
capital financeiro, perante os interesses da banca!
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente: — Para responder, tem a palavra a Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado João Oliveira, quero agradecer as
considerações que fez e quero saudar também o PCP por, tal como Os Verdes, ter entendido que não era
possível ficarmos silenciados relativamente a esta matéria.
Os partidos da maioria deveriam também dizer alguma coisa sobre a matéria para que os portugueses
percebessem aquilo que lhes passa pela cabeça. É que já ouvi algumas declarações do Sr. Deputado Nuno
Magalhães a dizer que há, no relatório do FMI, umas questões técnicas inadmissíveis — não era essa a
expressão, mas era esse o sentido). Não, não são questões técnicas, são questões políticas e muito políticas.
E porque é que quero realçar isto? Porque é de opções políticas que se constrói este País.
Sr. Deputado João Oliveira, as orientações políticas que têm sido tomadas até há data são justamente
aquelas que nos têm levado a ter dos níveis de desemprego mais altos da Europa, dos salários mais baixos da
Europa, a ter a economia mais paralisada e fragilizada da Europa e dos impostos mais elevados da Europa!
Como é que nos conseguimos sustentar nesta realidade? Aquilo que já custa mesmo perceber é como é que
tudo isto, sempre com as promessas de nos levantarmos, tem demonstrado um falhanço de tal modo notório,
connosco sempre a cair, sempre a cair!
E as propostas que surgem dos responsáveis da situação em que nos encontramos hoje são justamente no
sentido de aprofundar estas orientações políticas. Não saem do mesmo! É isto que nós, de facto, não
conseguimos perceber.
E o Sr. Deputado diz, e muito bem, que há dinheiro disponibilizado! Há! Para os bancos não tem faltado
dinheiro! Falta de vontade para o fim das parcerias público-privadas e da tributação de certo capital, aí falta a
vontade toda, mas para roubarem — e digo-o baixinho para ninguém se ofender, mas, na verdade, as palavras
têm o significado que têm, e é mesmo assim — ao povo português não têm criado outras alternativas. É
sempre aos mais fáceis que é mais fácil roubar.
O que queremos dizer é o seguinte: não queremos roubar nada a ninguém, só queremos pôr as pessoas
deste País a contribuir em função da sua capacidade de contribuição.