10 DE JANEIRO DE 2013
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Relativamente aos custos e à tentativa de remeter para o Tribunal Constitucional a responsabilidade sobre
a decisão, creio que se está a ver o «filme» ao contrário. Sr. Deputado António Filipe, parece-nos que se o
Tribunal Constitucional vier a decidir pela inconstitucionalidade do Orçamento do Estado para 2013 isso
significa que o Governo se preparava para exigir aos portugueses aquilo que não podia fazer dentro da
Constituição, que estava a pedir aos portugueses aquilo que constitucionalmente não era permitido.
Sr. Deputado, gostaria que se pronunciasse sobre estes aspetos.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Muito bem!
A Sr.ª Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado António Filipe.
O Sr. António Filipe (PCP): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado José Luís Ferreira, agradeço a questão
colocada.
Sr. Deputado, vamos ver, de facto, em que ponto estamos.
Esta Assembleia teve oportunidade de, durante o tempo constitucional e regimentalmente previsto, debater
o Orçamento do Estado, tendo todos os partidos manifestado aqui as suas posições. Nessa altura, durante o
debate político, não faltou também quem alertasse para o facto de, independentemente das discordâncias
políticas, haver disposições do Orçamento de duvidosa constitucionalidade. Mas isso fez parte do debate
político. Agora estamos na fase em que entidades com competência para o fazer requereram ao Tribunal
Constitucional a fiscalização da constitucionalidade de diversas normas, e o Tribunal Constitucional vai decidir
como muito bem entender, no seu juízo jurisdicional de constitucionalidade. Não vale a pena estar aqui agora,
seja de que lado for, a esgrimir argumentos que defendam constitucionalidade ou que invoquem a
inconstitucionalidade das disposições orçamentais. Como se costuma dizer, os dados estão lançados e o
Tribunal Constitucional julgará com os poderes soberanos de que dispõe.
Porém, é preciso dizer também que o Governo e a maioria que aprovou o Orçamento são os únicos
responsáveis por todas as disposições que constam do Orçamento do Estado.
Vozes do PCP: — Exatamente!
O Sr. António Filipe (PCP): — Se alguma disposição do Orçamento do Estado for declarada
inconstitucional, o Governo e a maioria são os únicos responsáveis por isso.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Muito bem!
O Sr. António Filipe (PCP): — Portanto, não podem querer atirar a responsabilidade por essas normas e
pelas suas consequências para outrem quando a responsabilidade é inteiramente sua.
Quando vemos, da parte do Governo e da maioria, um indisfarçável nervosismo por a questão ter sido
suscitada perante o Tribunal Constitucional somos levados a pensar que, como quem não deve não teme,
haverá também da parte do Governo e da maioria alguém que esteja muito receoso relativamente à
constitucionalidade das normas que inseriram no Orçamento do Estado. Mas esse é um problema da maioria;
o que vamos fazer, como toda gente deve fazer, é aguardar serenamente a decisão do Tribunal Constitucional
e atuar com toda a serenidade seja qual for a decisão que o Tribunal venha a tomar.
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente: — Tem a palavra o Sr. Deputado Luís Pita Ameixa para pedir esclarecimentos.
O Sr. Luís Pita Ameixa (PS): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado António Filipe, queríamos, em primeiro
lugar, saudar a sua intervenção, recordando-lhe que, efetivamente, o atual Governo, do PSD e do CDS, tem-
se esmerado a governar contra o Estado social, que, aliás, a Constituição recebe nas suas normas.
Ainda hoje, assistimos a notícias que dão conta do forte ataque contra o Estado social, tal como ele é
concebido na Constituição da República, que o Governo do PSD e do CDS procura desenvolver. Mas só