10 DE JANEIRO DE 2013
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Aplausos do PSD e do CDS-PP.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Não, não é isso!
O Sr. Paulo Mota Pinto (PSD): — Sabemos que essas eram as regras vigentes nalguns regimes que,
durante muitos anos, o PCP apoiou e que, felizmente, foram relegados para o caixote do lixo da História.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Esse é o argumento de que o PCP come crianças ao pequeno-almoço, mas
atualizado!
O Sr. Paulo Mota Pinto (PSD): — Por último, Sr. Deputado, queria perguntar-lhe se considera que também
é uma pressão a posição tomada pelo principal protagonista do PCP na Assembleia Constituinte em matérias
de constitucionalidade, o Prof. Vital Moreira, quando diz o seguinte: «Não compartilho pessoalmente dos
argumentos que têm sido enunciados para defender a inconstitucionalidade — e é a inconstitucionalidade que
é preciso demonstrar de forma convincente, pois em caso de dúvida ela é dada como ‘não provada’. O
Orçamento deste ano é bem menos desequilibrado na repartição dos sacrifícios do que o do ano passado.
Nem a redução dos escalões de IRS nem a sobretaxa uniforme sobre o IRS alteram a progressividade do
imposto. Não me impressiona o ‘enorme aumento’ da carga fiscal — a Constituição não proíbe impostos
elevados! Resta a sobretaxa. Ainda assim, o ponto não me parece suficientemente forte para sustentar um
juízo de inconstitucionalidade.»
Sr. Deputado, considera que esta posição também é uma pressão? E, sobretudo, considera que existe, ou
não, liberdade de expressão para assumir estas posições na praça pública?
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado António Filipe.
O Sr. António Filipe (PCP): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Paulo Mota Pinto, eu esperaria da sua parte
uma intervenção mais elevada sobre esta matéria.
Aplausos do PCP.
Vozes do PSD: — Ah!…
O Sr. António Filipe (PCP): — O seu pedido de esclarecimento, para além de, em grande parte, se limitar
a «tirar esqueletos do armário», contém falsidades históricas, porque se há partido que sempre combateu a
Constituição de 1976 é o PSD. Sempre!
Aplausos do PCP.
Aliás, já que o Sr. Deputado fala de memória histórica, lembro que o PSD queria que a Constituição,
mesmo tendo sido aprovada na Assembleia Constituinte, fosse submetida a um referendo.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Exatamente! Um plebiscito à Salazar!
O Sr. António Filipe (PCP): — Não queria que entrasse em vigor!
O PSD começou a contestar a Constituição ainda antes de ela ter sido aprovada, e continua depois. Mais:
em 1980, o PSD queria, através da eleição presidencial do General Soares Carneiro, consumar um golpe de
Estado constitucional.
Aplausos do PCP.