I SÉRIE — NÚMERO 40
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lutado e feito tudo o que está ao seu alcance para facilitar a vida das empresas, levando a cabo reformas
importantes, como também está ao lado das famílias que estão em dificuldades. Foi exatamente por isso que,
em conjugação com o Banco de Portugal e o Ministério das Finanças, lançámos um pacote para as famílias
sobreendividadas de forma a criar uma espécie de programa Revitalizar para essas famílias. Há, de facto,
neste momento, muitas famílias a passar por dificuldades. Há casais desempregados com filhos e há famílias
monoparentais que estão a passar por muitas dificuldades.
Por isso mesmo, utilizámos parte dos fundos comunitários e parte das nossas políticas ativas de emprego
e, no âmbito do último Orçamento do Estado, lançámos programas de estágios profissionais para famílias
desempregadas com filhos e para famílias monoparentais. E porque achamos que é muito importante alargar
o apoio, quando da revisão das SCUT, apresentámos isenções e descontos para ajudar estas famílias.
Por outro lado, todas as reformas na área da energia e os cortes nos valores da energia foram pensados
para ir contra os interesses instalados, contra os lobbies, contra os sobrecustos e as rendas dos últimos anos
e a favor das nossas famílias e das nossas empresas. As famílias que este ano mudarem para a tarifa bi-
horária irão ter aumentos de 0% na sua conta da luz. Fazemo-lo, porque achamos que é muito importante,
neste momento de dificuldade, conseguirmos criar mecanismos para ajudar as nossas empresas e as nossas
famílias.
Foi exatamente por isso que, como já disse, lançámos às nossas empresas uma nova linha PME
Crescimento de 2000 milhões de euros e alargámos por mais um ano a extensão das PME Investe para ajudar
as empresas que estão a ter dificuldades de tesouraria a poderem defender-se.
No evento em que lançámos a PME Crescimento, tivemos mais 1239 empresas consideradas PME de
excelência, empresas de grande excelência que devemos acarinhar e impulsionar, por forma a tornarem-se
mais fortes, mais musculadas e mais competitivas.
Aplausos do PSD e do CD-PP.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — O PSD prescindiu do direito de réplica.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Então, o Ministro não responde à questão do QREN? Ainda tem
tempo!
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Srs. Deputados, vamos passar à segunda ronda de perguntas.
Tem a palavra o Sr. Deputado Basílio Horta.
O Sr. Basílio Horta (PS): — Sr. Presidente, Sr. Ministro, compreendemos a sua posição. O Sr. Ministro
está ladeado, de um lado, por um poderoso Ministro das Finanças, que não lhe dá instrumentos financeiros,
que está empenhado numa consolidação orçamental a todo o custo que atira a economia para uma recessão
catastrófica, e, por outro lado, tem um Ministro dos Negócios Estrangeiros hábil, que não lhe dá palco
internacional.
Portanto, percebo que o Sr. Ministro está numa situação particularmente difícil e, por vezes, tem essa
tentação de se voltar para trás, para o passado, gastar muita energia a criticar o passado e falar pouco do
presente.
O Sr. Ministro, entretanto, nessa tentativa de ganhar espaço, apresenta a bandeira da reindustrialização —
bandeira nobre. Mas para isso é necessário dar conteúdo. E que conteúdo é que a reindustrialização tem? É o
Sr. Ministro não ter tido vontade ou força política para evitar a destruição da empresa industrial portuguesa
mais internacional? É olhar para a AutoEuropa e vê-la parar um mês? É olhar para a Pescanova e vê-la
começar a despedir? É olhar para a IKEA e ver o que está a passar-se? É olhar para a Embraer, para o setor
aeronáutico, e ver as dificuldades? Este é, na verdade, um conteúdo complexo para quem quer a
reindustrialização!
Depois, em termos de instrumentos, relembro que a matéria relativa aos 10% do IRC está embrulhada
numa comissão — aliás, Sr. Ministro, já agora, como também há uma trapalhada muito grande com os
duodécimos da parte social, faça também uma comissão e nomeie, talvez, o Sr. Arménio Carlos para a
presidir. Talvez não fosse pior para equilibrar as coisas…!