12 DE JANEIRO DE 2013
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Espero bem — e para isso conto com o Partido Socialista — que nos deem os vossos contributos sobre
estas matérias e tenho a certeza absoluta de que quando estas bandeiras forem para a frente, nessa altura, o
próprio Partido Socialista, todo o País irá beneficiar.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Para formular perguntas, tem a palavra o Sr. Deputado José Alberto
Lourenço.
O Sr. José Alberto Lourenço (PCP): — Sr. Presidente, Sr. Ministro da Economia e do Emprego, são
inúmeros os exemplos, nos vários ramos do sector industrial, de abandono, de recessão, de depressão.
Sr. Ministro, trago aqui um caso de um crime económico que se tem vindo a cometer no nosso País: falo da
Cimpor.
No último ano, Portugal alienou, por vontade expressa deste Governo, aquela que era a maior empresa
industrial portuguesa e um dos 10 maiores grupos cimenteiros mundiais — a Cimpor —, com presença em 12
países diferentes, com mais de 80% do seu EBITDA gerado fora de Portugal e, para além disso, ainda
exportando parte da produção nacional. Assim era a Cimpor!
Depois de, no início de julho, a Camargo Correia ter ficado com quase 95% do seu capital social, por venda
imposta pelo Governo à Caixa Geral de Depósitos da sua participação na empresa, e de, em outubro passado,
a Camargo Correia ter decapitado literalmente a Cimpor, demitindo a anterior comissão executiva, convidando
grande parte dos seus quadros superiores a sair — e fala-se em cerca de 60 chefias, que já terão rescindido o
contrato — e nomeando uma nova administração com quadros da Camargo Correia vindos diretamente da
Argentina, num ápice, a Cimpor passou de um dos maiores grupos cimenteiros mundiais para uma sucursal de
um grande grupo económico brasileiro e o seu centro de decisão passou de Lisboa para São Paulo.
Foram-se as chefias da empresa; de seguida, irão os quadros técnicos, fundamentalmente engenheiros
que prestavam, a partir de Lisboa, apoio às outras empresas do grupo espalhadas pelo mundo; e agora já se
fala na possibilidade de algumas das suas fábricas em Portugal poderem encerrar.
De uma penada, talvez o maior exemplo de industrialização, de internacionalização e de exportação, que
era a Cimpor, foi alienada de forma criminosa por este Governo e com o seu beneplácito, Sr. Ministro da
Economia.
Sr. Ministro, quando fala em reindustrialização, onde é que se encaixa este autêntico crime económico, que
foi a venda da Cimpor?
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Para responder, tem a palavra o Sr. Ministro da Economia e do
Emprego, que dispõe de 2 minutos.
O Sr. Ministro da Economia e do Emprego: — Sr. Presidente, Sr. Deputado, muito obrigado pelas suas
perguntas.
Como sabe, há muitos anos que a questão da Cimpor estava em curso. Gostaria de lembrar também ao Sr.
Deputado que está a decorrer a reestruturação de muitas empresas,…
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Fale lá da Cimpor!
O Sr. Ministro da Economia e do Emprego: — … e a Cimpor é, certamente, uma delas.
Mas o que é importante é criar as condições para que o que aconteceu nos últimos anos em Portugal
acabe de uma vez por todas.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Isso é só conversa!