19 DE JANEIRO DE 2013
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O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado António José Seguro, muito rapidamente,
aproveito para lhe dizer que não dou instruções algumas aos Srs. Deputados da maioria, não tenho esse
hábito.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Também não costumo perder muito tempo em saber quais são os sintomas de final de legislatura que o Sr.
Deputado parece tão bem reconhecer.
Sr. Deputado, concordo consigo num ponto político que julgo ser importante: este Governo só não concluirá
o seu mandato para quatro anos se os partidos que apoiam o Governo ou o próprio Governo não quiserem.
Disso não há dúvida, Sr. Deputado, é mesmo assim!
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
E deixe-me dizer-lhe, Sr. Deputado, que é o natural em democracia, razão pela qual não se percebe
porque é que está tão interessado em falar de eleições todos os dias.
Isso é que parece um bocadinho estranho, não é verdade?
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
O Sr. Deputado tem muita dificuldade em explicar ao País por que é que, dizendo aqui que só há uma crise
política se os partidos que apoiam o Governo ou o próprio Governo não estiverem de acordo quanto ao seu
mandato, está a acelerar tudo o que é programa de Governo.
O Sr. António José Seguro (PS): — O senhor é que falou em crise política!
O Sr. Primeiro-Ministro: — E até já fala em condições para governar, com as contradições que já foram
assinaladas e em que não vou insistir.
Mas, Sr. Deputado, deixe-me dar-lhe resposta a outras matérias que suscitou.
Diz o Sr. Deputado que temos a taxa de desemprego mais alta de sempre. É verdade, Sr. Deputado, mas
isso não é indissociável do facto de estarmos a viver a crise mais grave de sempre, no nosso País, desde
1974. É exatamente assim, Sr. Deputado!
O Sr. António José Seguro (PS): — O senhor é que agravou essa crise!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Tenho dito e reafirmo que não é por repetirmos o mal da situação em que nos
encontramos que temos ou ganhamos razão de causa para defender soluções de Governo. Temos é de
executar as medidas que nos permitam vencer essa crise. E, Sr. Deputado, opto por não fazer a demagogia
que o Sr. Deputado faz e digo, sem qualquer complexo, que o nosso grande objetivo para vencer a crise é
fechar o Memorando de Entendimento com a troica e não ter mais nenhum resgate.
O Sr. António José Seguro (PS): — Responda às duas perguntas!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Para não ter mais nenhum resgate, do que preciso é de ter financiamento não
oficial, ou seja, não dos membros da troica, mas em mercado. E, se não puder ter financiamento em mercado,
Sr. Deputado, não tenho condições para crescer, para criar emprego e, portanto, para vencer a crise em
Portugal. É tão simples quanto isto!
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Mas a pergunta que lhe faço, Sr. Deputado, é esta: se o Sr. Deputado percebe que é assim, por que faz
essa demagogia barata…