I SÉRIE — NÚMERO 43
16
O Sr. Emídio Guerreiro (PSD): — Muito bem!
O Sr. Primeiro-Ministro: — … de vir aqui chorar-se com o desemprego, quando não dá um único
contributo positivo para explicar como é que haveremos de vencer a crise e resolver esse problema do
desemprego?
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
O Sr. Carlos Zorrinho (PS): — Não é verdade!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Diz o Sr. Deputado: «A solução está no crescimento. Tudo se resolvia se
houvesse crescimento». Concordo, Sr. Deputado.
O Sr. Carlos Zorrinho (PS): — Concorda, mas não pratica!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Tivesse Portugal, nos primeiros 10 dos últimos 12 anos, crescido alguma coisa
que se visse, não tivesse, por essa razão, o desemprego estrutural aumentado como aumentou e a dívida
aumentado o que aumentou e, Sr. Deputado, provavelmente, nem teríamos chegado à necessidade de pedir
dinheiro emprestado.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Se calhar, não precisávamos de estar sob um regime de emergência, como o que hoje vivemos.
Portanto, Sr. Deputado, as verdades de La Palisse acrescentam muito pouco. Sabemos que é preciso pôr o
País a crescer, mas não podemos pôr o País a crescer tornando a dívida maior, endividando-nos mais, até
porque hoje, mesmo que quiséssemos fazer o que o Partido Socialista fez no passado, não podíamos.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Nós não usaríamos, com certeza, estes 4 biliões extra, que advêm do facto de ter havido
retificação/variação do câmbio com o dólar, para aumentar o endividamento do País.
O Sr. António José Seguro (PS): — Mas o que é que vai fazer? O senhor não é capaz de dizer o que vai
fazer!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Portanto, Sr. Deputado, temos um programa que é muito claro e o Sr.
Deputado escusa de fazer essas perguntas retóricas. Vamos fazer, rigorosamente, as duas coisas que são
essenciais para esse efeito. Em primeiro lugar, a reforma estrutural ao nível da economia, para que a
economia seja competitiva, para que as empresas que exportam sejam mais do que são hoje e possam
colocar, em termos de quota de mercado, ainda mais do que colocam hoje. Queremos, portanto, mais
emprego do lado do setor competitivo da economia,…
O Sr. António Braga (PS): — Como?!
O Sr. Primeiro-Ministro: — … porque sabemos que o emprego que tínhamos, na parte protegida da
economia, não é sustentável e gera desemprego. O modelo que os senhores seguiram durante muitos anos foi
o de gerir desemprego a prazo, com setores protegidos. Pela nossa parte, estamos, justamente, a colocar
todas as nossas energias e incentivos nas áreas que devem ser competitivas para serem sustentadas. Esta é
a primeira parte, Sr. Deputado.
O Sr. António Braga (PS): — Como? Dê um exemplo!