I SÉRIE — NÚMERO 44
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O Sr. Luís Menezes (PSD): — Sr.ª Presidente, Srs. Deputados Carlos Zorrinho e Catarina Martins,
agradeço as perguntas colocadas.
Começo por responder à Sr.ª Deputada Catarina Martins, agradecendo-lhe o facto de, ao contrário do
Partido Socialista, ter tido a coragem de falar do tema da comissão eventual para a reforma do Estado.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Também não é preciso assim tanta coragem!
O Sr. Luís Menezes (PSD): — Falou aqui que o que era importante para o Bloco de Esquerda era
renegociar, ou reformar, ou refundar (a palavra que quiser) o Memorando. Então, venham para a comissão
dizer isso em concreto. Convido desde já o Bloco de Esquerda a ter a coragem de vir debater frontalmente,
pluralmente, com sinceridade, numa comissão onde estarão todos os partidos, onde não há objetivos
numéricos, onde não há tabus. Não percebo de que é que os partidos da oposição têm medo! Tenho pena que
o Partido Socialista, pura e simplesmente, tenha esquivado a sua argumentação deste facto, porque o País
merecia e precisava de mais.
Sr. Deputado Carlos Zorrinho, o Sr. Deputado disse que o Governo falhou, disse que tudo se deve à nova
conjuntura da zona euro e do Banco Central Europeu. Sr. Deputado Carlos Zorrinho, enquanto parlamentar,
tenho vergonha de ver o Partido Socialista não valorizar o esforço que tem sido feito a nível interno, não pelo
Governo nem por esta maioria, mas pelos milhões de portugueses que, com os seus sacrifícios, estão a fazer
com que estes resultados apareçam.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
E, Sr. Deputado Carlos Zorrinho, um governo que falha não recebe o apoio dos seus credores, não recebe
o elogio dos seus parceiros.
O Sr. Primeiro-Ministro de França disse: «O esforço dos portugueses está a dar frutos». A Comissão
Europeia ainda hoje saúda: «Mais um…» — não é um, é mais um! — «… sinal positivo da crescente confiança
em Portugal».
Mas, Sr. Deputado Carlos Zorrinho, acima de tudo, um governo que falha não regressaria aos mercados.
Aquilo que eu lamento é perceber que o Partido Socialista aderiu a uma oposição do «bota abaixo», uma
oposição sem ideias e uma oposição que, nas palavras de um altíssimo dirigente do Partido Socialista, o
Deputado Pedro Silva Pereira, é um Partido Socialista que precisa de fazer mais para se apresentar como
uma alternativa credível.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Por isso, aquilo que pedimos e reiteramos é que o Partido Socialista venha a terreiro defender as suas
ideias. O Partido Socialista é um elemento social da democracia portuguesa e esta maioria conta e espera
obter do Partido Socialista a responsabilidade a que sempre habituou o País.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Honório Novo.
O Sr. Honório Novo (PCP): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Luís Menezes, vou insistir agora, em sede
própria, diretamente para os interessados: fogo-de-artifício em Portugal só nas festas de verão. Fora das
festas de verão, o fogo-de-artifício cheira a propaganda, seja essa propaganda a do regresso aos mercados,
seja a propaganda da criação da comissão eventual para a destruição da funções sociais do Estado.
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Exatamente!
O Sr. Honório Novo (PCP): — Seja qual for a escolha, cheira sempre a propaganda!