24 DE JANEIRO DE 2013
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Sabe, Sr. Deputado Luís Menezes, o País, infelizmente, não vive em festa. Infelizmente, o País, por causa
da troica, por causa das suas políticas e da ingerência externa, vive muito mal, na sequência da aplicação de
políticas a que os senhores se submetem e a que os senhores dão seguimento de uma forma absolutamente
inaceitável.
Na sua intervenção, o senhor pretendeu vender — perdoe-se-me a expressão «vender» — o mérito do
Governo português quanto à descida das taxas de juro, atribuindo esse mérito às políticas de austeridade
impostas pela troica.
O Sr. Luís Menezes (PSD): — Às pessoas!
O Sr. Honório Novo (PCP): — Vou dar-lhe dois números para o satisfazer, Sr. Deputado: o spread dos
títulos de dívida de Portugal, ao longo de 2011, baixou 5,8%; na Grécia, o spread dos títulos da dívida a 10
anos baixou 19,8%. O senhor também acha que isso é mérito do Governo português e das políticas de
austeridade praticadas em Portugal?
Vozes do PCP: — Boa pergunta!
O Sr. Honório Novo (PCP): — Sei que o senhor vai dizer que não, mas, Sr. Deputado Luís Menezes, não
seja modesto, eu sei, todos sabemos, que, face à sua propaganda, o êxito da descida das taxas de juro na
Grécia só pode ser devido a esta maioria parlamentar e às políticas deste Governo. Repito: não seja modesto,
Sr. Deputado.
A Sr.ª Presidente: — Queira terminar, Sr. Deputado.
O Sr. Honório Novo (PCP): — Termino já, Sr.ª Presidente.
Sr. Deputado, queria ainda falar-lhe de coisas sérias, e coisa séria é aquilo que nenhum responsável do
Governo e desta maioria está a utilizar em Portugal desde segunda-feira.
Queria perguntar-lhe, com este anunciado regresso ao mercado, quantas falências é que deixaram de
ocorrer, quantos desempregados obtiveram um posto de trabalho e quanto cresceu a economia desde
segunda-feira. E, já agora, como é que vai pagar títulos de dívida a 5% com a economia a descer, durante dois
anos, cerca de 5%? A isto é que eu gostava que o senhor respondesse!
Para terminar, e para não abusar da paciência da Sr.ª Presidente, o senhor há pouco disse que Portugal
merecia mais. Estou de acordo consigo, Sr. Deputado. Portugal, de facto, merece mais, não merece esta
maioria nem este Governo!
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente: — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra a Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Luís Menezes, como é sabido — e
o Sr. Deputado tem ouvido aqui várias vezes —, Os Verdes consideram que um pressuposto fundamental para
gerarmos dinâmica económica e, portanto, para gerarmos capacidade de criar riqueza no País é a
renegociação da nossa dívida.
Uma das componentes dessa renegociação prende-se com o alargamento dos prazos de pagamento
dessa dívida. A renegociação não se fica por aí, mas essa é uma componente.
Ora, o Governo veio agora anunciar o eventual alargamento de prazos de pagamento da dívida, mas eu
recordo-me, há algum tempo atrás, de ouvir membros do Governo, de uma forma veemente, aqui, no Plenário
da Assembleia da República, dizer assim: «Quem defende o alargamento dos prazos de pagamento da dívida
é porque não quer pagar a dívida». E nós dizíamos assim: «Não, não é isso, reconhece é que não pode pagar
a dívida assim, porque não tem capacidade para pagar a dívida assim».
É isso, não é, Sr. Deputado Luís Menezes?