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I SÉRIE — NÚMERO 48

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A nova lei é complexa, todos o reconhecem, e o Governo nada faz para o esclarecimento e para o apoio a

quem está sozinho, desprotegido e recebe em casa uma carta de uma empresa ou de um escritório de

advogados, que informa que a sua renda passa de 187 € para 500 €.

Nem uma iniciativa, nem um serviço de apoio para que os inquilinos possam ter acesso, no mínimo, a uma

informação, a um esclarecimento sobre a forma como devem responder ao senhorio, seguindo as etapas

previstas na lei.

Muitos inquilinos, assustados e sem os meios necessários, já aceitaram o aumento proposto

unilateralmente pelo senhorio.

Vergonha, para um Governo que tanto fala em ética social!

A Ministra Assunção Cristas anunciou, em fevereiro do ano passado, uma linha telefónica de apoio.

Passado um ano, nada foi feito.

A regulamentação também falha redondamente no que diz respeito ao apuramento do rendimento anual

bruto corrigido, para efeitos de determinação do valor da renda.

Como não é ainda possível os serviços de Finanças determinarem o valor de 2012, querem obrigar os

inquilinos a pagar retroativos, no valor de 50% do valor da nova renda, que se somam à renda mensal

atualizada, num esforço financeiro mensal insuportável.

Para culminar, temos o já tristemente famoso Balcão Nacional do Arrendamento, ao qual, para sermos

rigorosos, teremos de chamar «balcão nacional dos despejos». O Balcão é virtual, mas o despejo é bem real e

pode bater à porta de milhares de pessoas.

É com completo espanto que se verifica que, para iniciar uma ação de despejo, tudo é facilitado, mas, para

se opor ao despejo, o que só pode ser feito por via eletrónica, é exigido advogado e uma taxa de justiça que

ultrapassa os 200 €, para além do depósito das rendas em atraso, se for esse o motivo de despejo.

Porquê esta discriminação no acesso à justiça? Porquê, Sr.as

Srs. Deputados?

Mais: por que razão prever uma situação em que é possível entrar num domicílio sem autorização judicial?

Dirão os Srs. Deputados da maioria: «Só em situações muito especiais». Não, Sr.as

e Srs. Deputados, quando

se trata de princípios do Estado de direito, não há situações muito ou pouco especiais. Há direitos protegidos e

só deve ser permitida a entrada em domicílio com uma autorização judicial. Este é o princípio, e não há aqui

nenhum limite flutuante. Há um limite e ele foi ultrapassado na letra desta lei.

Aplausos do BE.

O Novo Regime do Arrendamento Urbano é bem o exemplo da desproporção, da iniquidade, da

discriminação, mas também da crueldade dirigida a um sector muito concreto da população: os mais idosos.

Só superado pela teoria do «aguenta, aguenta» protagonizada pelo banqueiro Fernando Ulrich, que ainda

ontem, quando apresentava os seus lucros, voltou a afirmar que o País aguenta a austeridade e ainda disse

«Pois até os sem-abrigo aguentam», num claro insulto a quem sofre com os sacrifícios, sacrifícios estes que

não são iguais para todos!

Aplausos do BE.

Esta lei é injusta e está já a causar instabilidade e pânico social. Esta lei é injusta e acrescenta crise à

crise, pobreza à pobreza.

Esta lei não é equilibrada. Toma partido pelos mais fortes e ataca os mais fracos. Ataca o direito à

habitação. As pessoas perdem o emprego, perdem o salário, perdem os apoios sociais e perdem a

habitação?! Onde vamos chegar, Sr.as

e Srs. Deputados?! Onde vamos chegar?!

Este Governo ficará para a história como o Governo da total insensibilidade social e que não hesita em

penalizar os mais pobres e os mais desprotegidos. É uma marca que se «colou à pele» de governantes e de

Deputados da maioria PSD/CDS.

Esta lei tem já um fim anunciado: é rejeitada por uma larga maioria de portugueses e portuguesas.

O Bloco de Esquerda compromete-se com a sua revogação e com a construção de uma lei equilibrada e

que, de facto, favoreça o arrendamento e que contribua também para o desenvolvimento das nossas cidades.