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I SÉRIE — NÚMERO 51

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público. Esse momento da carreira de Franquelim Alves não aconselha — pelo contrário, desaconselha — a

sua nomeação para qualquer responsabilidade pública, sobretudo, para a alta responsabilidade que é ser

Secretário de Estado de um Governo. Ora, é isso que contestamos.

E estranhamos que, estando todo o País revoltado com isto, as bancadas do PSD e do CDS não se

revoltem. E só temos para isso uma explicação: os senhores habituaram-se a branquear o BPN. É que, até

hoje, nunca ouvi ninguém que tivesse levantado a voz para certas situações que, sendo da vida privada, são

reveladoras dessa limpeza política que está em curso relativamente ao BPN. Refiro-me concretamente — e

não tenho medo de dizer o que penso — às férias que o Dr. Miguel Relvas passou com o Dr. Dias Loureiro.

Silenciando isso, silencia-se tudo o resto!

Aplausos do BE.

A Sr.ª Presidente: — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado José Luís Ferreira.

O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado João Semedo, Os Verdes também

estranham a escolha do Sr. Primeiro-Ministro para a pasta da Inovação, porque esta escolha veio fragilizar,

ainda mais, a imagem do Governo, veio adensar, ainda mais, o clima de desconfiança nas relações do

Governo com o poder económico. Creio que até é caso para dizer que estamos a falar de relações perigosas.

Relações perigosas não só pelo facto de o novo Secretário de Estado do Empreendedorismo,

Competitividade e Inovação ter sido administrador da Sociedade Lusa de Negócios (isto é, a sociedade que

provocou a maior fraude no nosso País, fraude essa que os portugueses tiveram de suportar, e estão a

suportar, com os seus impostos) mas também por se tratar de uma pessoa com provas dadas em matéria de

empreendedorismo e, sobretudo, em matéria de inovação, pois o BPN deve ter sido uma escola em matéria

tanto de empreendedorismo como de inovação.

A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Exatamente!

O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — Foi só inovar, foi só empreendedorismo!…

Para além da passagem por esta escola que foi o BPN, o Franquelim Alves também trabalhou no Grupo

Jerónimo Martins — e com grandes responsabilidades nesse Grupo. Até aqui, tudo bem, não há qualquer

problema.

Sucede que o novo Secretário de Estado do Empreendedorismo, Competitividade e Inovação vai ter

assento na PARCA (Plataforma de Acompanhamento das Relações na Cadeia Agroalimentar), que é a

Plataforma criada pelo Governo para melhorar as relações entre os vários intervenientes na cadeia alimentar,

onde se envolvem produtores, indústria e distribuição. Ora, a Jerónimo Martins é precisamente, como se sabe,

um dos maiores grupos da grande distribuição. E a Jerónimo Martins não está nada interessada que a PARCA

venha a participar num processo de regulamentação das grandes cadeias de distribuição agroalimentar.

O Sr. Honório Novo (PCP): — Bem lembrado!

O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — Assim sendo, parece que há motivos para recear eventuais

cedências à Jerónimo Martins na regulação das relações na cadeia agroalimentar ou, no mínimo, há motivos

para recear que o trabalho da PARCA saia fragilizado.

Sr. Deputado João Semedo, há, contudo, nesta nomeação um pormenor que Os Verdes não entendem e

que, creio, escapou à maioria dos portugueses. É que o Sr. Ministro da Economia diz que Franquelim Alves

ajudou a desvendar a grande fraude do BPN, ainda que a sua assinatura não constasse da carta de 2 de

junho de 2008. Ora, tendo sido um herói, nas palavras do Sr. Ministro da Economia, não lhe parece estranho

que a passagem de Franquelim Alves pelo Grupo BPN/SLN não constasse do currículo inicialmente divulgado

pelo Governo e que isso só tenha sido inserido no portal do Governo quando estalou a polémica? Isto não é

estranho? Então, é omitido o facto de este homem ter praticado a façanha de desvendar a maior fraude de

todos os tempos, em Portugal? Este facto é omitido?! Este facto tem de ser valorizado!…