I SÉRIE — NÚMERO 51
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O Sr. João Semedo (BE): — Sr.ª Presidente, Sr.ª Deputada Ana Catarina Mendonça, julgo que deixei
bastante claro aquilo que o Bloco de Esquerda considera condenável politicamente neste processo.
Não avaliamos os méritos profissionais do Dr. Franquelim Alves — aliás, nem do Dr. Franquelim Alves,
nem de qualquer outro cidadão que desempenhe seja que função for. O problema não é esse. O problema não
é o cidadão Franquelim Alves; o problema é o administrador Franquelim Alves que, enquanto administrador do
Grupo BPN/SLN, podia ter dado um contributo para o esclarecimento da verdade, para o combate à fraude,
mas, na realidade, teve um comportamento diferente, uma estratégia de ocultação.
Em segundo lugar, do nosso ponto de vista, é condenável politicamente que um Ministro, um Governo,
conhecendo esta passagem do currículo do cidadão Franquelim Alves, julgue que essa passagem não é
suficientemente grave para impedir a sua escolha como Secretário de Estado.
A estas duas coisas, politicamente condenáveis, acrescentamos uma terceira, que já referi, e reafirmo: é
inaceitável o que, ontem, Álvaro Santos Pereira tentou fazer aqui, na Assembleia da República. O Ministro
tentou enganar, ludibriar a Assembleia da República, ao tirar da cartola duas cartas, que, se calhar, nem
conhecia (alguém lhas deve ter dado, alguns minutos antes).
Já agora, Sr.ª Deputada Ana Catarina Mendonça, deixe-me aproveitar a resposta à sua pergunta para dar a
conhecer ao Parlamento o ponto de vista do CDS-PP. Naturalmente, não me substituo à bancada do CDS-PP,
que tem os seus Deputados, a sua liderança, mas gostaria de informar os Srs. Deputados de todas as
bancadas das declarações do Sr. Deputado Manuel Isaac, que dizia hoje a um órgão de informação local o
seguinte: «O Governo está ‘de pedra e cal’ mas episódios como o de Franquelim Alves podiam ser evitados».
Está tudo dito sobre o que o CDS pensa e cala acerca desta nomeação e está também explicado o silêncio
do CDS.
Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente: — Terminado o primeiro ponto da ordem do dia de hoje preenchido com declarações
políticas, vamos dar início ao segundo ponto, que consiste no debate do projeto de resolução n.º 540/XII (2.ª)
— Recomenda que o Governo português disponibilize todos os meios técnicos que permitam produzir a
informação necessária para argumentar, junto do Comité Fitossanitário da Comissão Europeia, a revisão da
listagem de espécies hospedeiras de nemátodo da madeira do pinheiro (CDS-PP e PSD).
O tempo de intervenção para cada orador é de 3 minutos e o CDS-PP e o PSD, como autores da iniciativa,
dispõem de mais 1 minuto.
Estão já inscritos os Srs. Deputados Abel Baptista, do CDS-PP, e Maurício Marques, do PSD.
Para apresentar o projeto de resolução n.º 540/XII (2.ª), tem a palavra o Sr. Deputado Abel Baptista.
O Sr. Abel Baptista (CDS-PP): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Este projeto de resolução surge
no seguimento de vários contatos com algumas associações do setor, estando cientificamente demonstrado
que o pinus pinea, popularmente conhecido como pinheiro manso, não é uma das espécies hospedeiras do
nemátodo da madeira do pinheiro. No entanto, de acordo com o Decreto-Lei n.º 95/2011, esta é uma das
espécies interditas para exportação e circulação de madeira. Portanto, há que tomar todas as medidas no
sentido de conseguir, junto da União Europeia, retirar esta espécie de pinheiro da lista que está interdita à
exportação sem ser feito o respetivo tratamento, nomeadamente a fumigação.
Há um interesse económico para os agentes desta área em algumas regiões do País, em particular a do
Algarve, onde esta espécie é fundamental em termos de arborização em muitas áreas florestais.
Por isso, não sendo esta uma das espécies que põe em causa a hospedagem deste verme,
necessariamente há que produzir todos os estudos e fazer todos os contatos junto da União Europeia no
sentido de concretizar o que já referi.
Sabemos que, no Comité Fitossanitário Permanente da União Europeia, que vai reunir em março, esta
questão irá ser abordada.
Sabemos que o Ministério da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território (MAMAOT)
tem feito um trabalho preparatório, que já informou as entidades comunitárias da sua intenção e já juntou