I SÉRIE — NÚMERO 55
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uma queda do Produto em 2013 que fosse superior à de 2012 e, portanto, não vejo que estejamos a viver um
processo com esses contornos. Mas, Sr. Deputado, esses riscos existem no horizonte, temos de combatê-los
e a melhor maneira de os combater é, do ponto de vista do Governo, conseguir aliviar a restrição financeira à
economia portuguesa. Este é um aspeto essencial.
Porém, se o Sr. Deputado tiver uma solução que seja mais efetiva e operacional, cumprindo,
evidentemente, os limites do défice, cumprindo a necessidade de não agravar o endividamento público, estarei
muito atento a ouvi-lo, porque o Governo também sabe ouvir.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — Sr. Deputado João Semedo, tem a palavra.
O Sr. João Semedo (BE): — Sr.ª Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, a sua resposta, afinal de contas, é uma
novidade neste debate, porque, com muita clareza, vem dizer que não há evidência de que estejamos numa
espiral recessiva.
Bom, eu sei que o Sr. Primeiro-Ministro não tem de saber de tudo, mas, caramba!, oito trimestres a
empobrecer, a perder riqueza, não é uma espiral recessiva? A perda do PIB, o crescimento do desemprego, a
queda das exportações, não são sinais de uma espiral recessiva, Sr. Primeiro-Ministro? Bom, Sr. Primeiro-
Ministro, seguramente que isso não irá fazer escola entre os economistas do País e mesmo da Europa!
Vozes do BE: — Exatamente!
O Sr. João Semedo (BE): — Deixe-me perguntar-lhe o seguinte sobre a banca e sobre o Memorando:
quantas modificações, no Memorando, o Sr. Primeiro-Ministro já fez? Só se podem modificar as cláusulas que
são favoráveis à banca? As que acentuam a austeridade? Em relação ao resto, nada pode ser alterado?
O Sr. Primeiro-Ministro sabe tão bem como eu que a recapitalização da banca ajudou a banca a ganhar
lucros com a especulação sobre a dívida pública. É para isso que serve a recapitalização da banca?
Vozes do BE: — Muito bem!
O Sr. João Semedo (BE): — Serve para alimentar os lucros da banca, lucros, esses, muitos deles,
associados diretamente à compra da dívida pública? No caso do BES, 800 milhões de euros e, no caso do
BPI, 300 milhões de euros e o Sr. Primeiro-Ministro vem dizer-nos que esta situação não se pode mudar?
Lamentavelmente, o Sr. Primeiro-Ministro já não tem tempo para me responder a uma curiosidade que
tenho e que é a seguinte: ontem, se não estou em erro, uma discreta notícia num jornal informava o País que
os ministros do Governo vão fazer uma volta a Portugal, explicando aos militantes do PSD o que vai ser a
reforma do Estado. Desta vez, vá lá saber-se porquê, o CDS não se associa a essa volta a Portugal.
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — São partidos diferentes!
O Sr. João Semedo (BE): — O Sr. Primeiro-Ministro terá um dia, talvez nesta volta a Portugal, a
possibilidade de me explicar o que vai dizer aos militantes do PSD que ainda não tenha podido dizer ao
Parlamento e ao País. O que é que os militantes do PSD têm que o Parlamento e o País não tenham? O Sr.
Primeiro-Ministro vai, finalmente, dizer-lhes onde e como é que vai cortar 4000 milhões de euros? Ou tudo não
passa de uma cruzada de fé para animar os fiéis das suas hostes?!
Gostaria — e estarei atento neste fim de semana — de perceber, finalmente, o que é essa reforma do
Estado e onde é que o Sr. Primeiro-Ministro vai cortar os 4000 milhões de euros.
Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente: — Srs. Deputados, uma vez que o Sr. Primeiro-Ministro já não dispõe de tempo para
responder, termina aqui o debate quinzenal.