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16 DE FEVEREIRO DE 2013

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O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Sr.ª Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, quanto à questão de estar

melhor ou pior, é importante que o Sr. Primeiro-Ministro tivesse esclarecido para quê e para quem.

O Sr. Bernardino Soares (PCP):— Muito bem!

O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Não tenho dúvidas de que, em relação, por exemplo, à situação

financeira, aos interesses dos banqueiros, a situação está melhor! Mas o que foi feito foi à custa de vidas, de

emprego, de salários, de reformas e de pensões, à custa dos que menos têm e dos que menos podem. É isto

que o Sr. Primeiro-Ministro tem de aqui afirmar e clarificar. Nem sequer o diabolizo dizendo que tem «maus

fígados» e que quer tantos desempregados como os que existem. Não é isso! O problema é da opção política,

é da política que executa e que leva às consequências que hoje existem na sociedade portuguesa.

Sr.ª Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, para terminar, gostaria de dizer-lhe que me emociono, sim.

Emociono-me quando um reformado, quando um desempregado, quando um trabalhador a quem foi roubado

parte do salário, quando um pequeno empresário vem ter comigo e me fala da sua falência e da vida negra

que tem. Sr. Primeiro-Ministro, no dia em que deixar de me emocionar e em que deixar de transmitir esses

sentimentos nesta Assembleia não estou aqui a fazer nada!

É por isso que aqui estou: para denunciar, para combater, para exigir uma nova política para Portugal!

Aplausos do PCP.

A Sr.ª Presidente: — Tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro, que dispõe de muito pouco tempo.

O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Jerónimo de Sousa, ainda bem que é assim, não

vejo nisso um defeito. Limitei-me a assinalá-lo. Não pense que com os outros é diferente, Sr. Deputado.

Também tenho essas emoções.

Aplausos do PSD.

Também me emociono com a situação que se vive no País. Mas, Sr. Deputado, não leve a mal que lhe

diga que tenho a noção de que o que se espera de um Primeiro-Ministro não é só que tenha emoções, é que

apresente também soluções.

Aplausos do PSD.

É isso que tenho procurado fazer, Sr. Deputado.

O que o País espera é que o Governo possa dizer isso aos cidadãos portugueses, perante o caminho que

temos vindo a trilhar, perante os sacrifícios que temos vindo a fazer, e que são pesados para todos — embora

saibamos que são mais pesados para uns do que para outros, porque, infelizmente, não temos todos a mesma

condição de partida e a vida não nos afeta a todos da mesma maneira. Por isso, é importante e altamente

injusto que as opções políticas que em cada momento são tomadas não tenham em linha de conta os seus

efeitos no médio e no longo prazos.

Sr. Deputado, a situação que estamos hoje a viver é, com certeza, consequência das políticas que temos

vindo a seguir. Com certeza que sim, nunca o afastei. Mas querer implicar esta situação sem qualquer

contexto histórico para que se não perceba que o que hoje vivemos, em termos de limites de falta de

financiamento, que chegou quase a um credit crash na sociedade portuguesa, isto é, falta de crédito, pura e

simplesmente, para o Estado, para os privados, para empresas ou para as famílias, não resulta de uma opção

política leviana que foi tomada, seria uma injustiça histórica que não nos ajuda a compor o passado mas que

nos permite não repetir o mesmo erro no futuro.

Aplausos do PSD.