16 DE FEVEREIRO DE 2013
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banca. Não venha dizer que não há dinheiro disponível para acudir à situação desgraçada, dramática, desse 1
milhão de portugueses.
Aplausos do BE.
Sr. Primeiro-Ministro, julgo que não vai dizer o mesmo que o Ministro Vítor Gaspar, recusando, perante a
evidência do que foram os resultados do último trimestre, que Portugal não está em plena espiral recessiva.
Não quero discutir isso consigo. Seguramente, não terá a coragem de nos dizer isso e vai, com certeza,
confirmar que estamos numa espiral recessiva.
O que quero perguntar-lhe é de quantos mais pobres, de quantos mais desempregados, de quantas mais
falências está o Sr. Primeiro-Ministro a espera para mudar esta política porque, se há espiral recessiva, é
porque a sua política é, de facto, uma outra espiral, uma espiral suicida, uma espiral da austeridade, uma
espiral do desinvestimento público.
Quero perguntar-lhe quando é que o Sr. Primeiro-Ministro está a pensar mudar de política.
Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente: — Sr. Primeiro-Ministro, tem a palavra.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado João Semedo, o financiamento que, no âmbito
do Programa de Assistência Económica e Financeira, foi dedicado à recapitalização de bancos portugueses
não pode ser utilizado para qualquer outra finalidade. Este é o primeiro aspeto que é importante, e o Sr.
Deputado deve sabê-lo, evidentemente. Digo isto, porque por vezes, quando não é dada a explicação, as
pessoas podem ficar a pensar, quando nos ouvem ou, sobretudo, quando o ouvem a si, que podíamos utilizar
o dinheiro que foi canalizado para a recapitalização da banca para outras despesas correntes do Estado. Isso
não é verdade! Não é possível!
O Sr. Pedro Jesus Marques (PS): — Podia renegociar-se, sim!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Porquê? Porque, na estrutura do Programa de Assistência Económica e
Financeira, um dos objetivos essenciais, a par das reformas estruturais no País e a par do controlo da despesa
pública, encontra-se o pilar da estabilidade financeira sem a qual não conseguiremos também sobreviver à
crise, razão por que essa recapitalização foi feita a custos elevados para os próprios bancos, bastante
elevados, de modo a não haver dúvidas sobre condições de equidade e de concorrência no espaço europeu
ou no espaço nacional.
Diz o Sr. Deputado que, havendo dinheiro para a banca, devia haver dinheiro para os subsídios de
desemprego. Espero que esta forma demagógica de colocar o problema evite eu ter de responder a futuras
questões que têm a mesma natureza.
Depois, o Sr. Deputado quis, de uma forma muito simpática, convidar-me a fazer uma espécie de
comentário sobre a questão da espiral recessiva. Sr. Deputado, eu já abordei o tema aqui, no Parlamento, e
posso recordar aquela que tem sido a minha afirmação nesta matéria: ninguém pode afastar a possibilidade de
uma espiral recessiva. Espero que ela não se confirme e, portanto, reafirmo que o Governo tudo está a fazer
para evitar que uma situação de espiral recessiva venha a colocar-se. Não há, até hoje, uma evidência de que
estejamos a viver numa espiral recessiva.
O Sr. António Filipe (PCP): — Ai não!?
O Sr. Primeiro-Ministro: — Portanto, Sr. Deputado, é claro o que tem sido a comunicação do Governo.
Temos, ao longo de 2011 e de 2012, uma contração do Produto que foi, sabemo-lo agora, 0,8% superior à
que estava prevista no Programa de Assistência Económica e Financeira e que está de acordo com o que têm
sido as comunicações do Governo português no âmbito do Semestre Europeu. Estamos a lutar para que o
momento de inflexão na nossa atividade económica possa chegar. Até hoje, não tivemos a perspetiva de ter