1 DE MARÇO DE 2013
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Não vou pedir a distribuição, mas o n.º 3 do artigo 19.º prevê essa audição e os Srs. Deputados não
gostam de ser ouvidos. Mas é isto estamos a fazer, a pronunciarmo-nos quando o Governo nos propõe, e é
assim em qualquer país normal em que há uma entidade administrativa independente que os parlamentos
participam. É assim, e muito bem, segundo a proposta do Governo, que a Assembleia da República passa a
ser consultada no processo de nomeação da administração da ERSAR.
O Sr. Paulo Sá (PCP): — E é vinculativa essa pronúncia?
A Sr.ª Helena Pinto (BE): — E consequências dessa audição?!
O Sr. António Leitão Amaro (PSD): — Mas esta proposta de lei não apenas cumpre o Programa do
Governo, porque cria uma entidade verdadeiramente independente, como introduz, relativamente aos poderes
de fixação de tarifas, um poder muito relevante. E é muito relevante porquê? Porque hoje temos situações
ilegais.
Não é uma opção da ministra ou da maioria. É uma opção, desde logo, comunitária e é uma opção da lei
que aqui votámos o facto de as tarifas terem de cobrir integralmente os custos. Esta é uma norma comunitária
e é uma lei da Assembleia da República e, por isso, a ERSAR o que fará, tal como faz qualquer regulador em
setor monopolista, é impor aos operadores uma tarifa regulada.
Mas, mais: neste caso, o Governo, porque foi sensível à autonomia local, deu aos municípios a
possibilidade de serem eles a fixar as tarifas e a intervenção da ERSAR verificar-se-á apenas quando houver
uma decisão ilegal. E ilegal porquê? Porque não cumpre, entre outras decisões, a obrigação fundamental de
que as tarifas satisfaçam a cobertura integral dos custos.
Há uma coisa que os senhores não dizem e teimam sempre em esconder: é que quando as tarifas não
forem pagas pelos consumidores serão pagas pelos contribuintes!
Vozes do PSD: — Bem lembrado!
O Sr. António Leitão Amaro (PSD): — O que os senhores querem, afinal, é aumentar impostos. Nós
sabemos! Os senhores gostam disso, mas querem sempre fingir que, em algum sítio, há uma árvore das
patacas que faz nascer dinheiro.
A Sr.ª Helena Pinto (BE): — Se há é para os privados!
O Sr. Paulo Sá (PCP): — Há uma árvore das patacas para o setor financeiro!”
O Sr. António Leitão Amaro (PSD): — Não! Os encargos que não são pagos pelos consumidores são
pagos pelos contribuintes e nós não concordamos com isso.
Este poder tarifário é importante, porque cumpre a lei neste ponto, porque traz também justiça social, com
a possibilidade de uma tarifa social, e porque cumpre as exigências ambientais de proteção dos recursos
hídricos e o aumento da eficiência e é, por isso, um poder importante.
Finalmente, queria dizer que não há violação da autonomia local porque é uma proposta justa e o Governo
e a Sr.ª Ministra estão de parabéns por nos apresentarem aqui este diploma.
Aplausos do PSD e do CDS.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Tem a palavra o Sr. Deputado Altino Bessa.
O Sr. Altino Bessa (CDS-PP): — Sr. Presidente, em primeiro lugar, quero cumprimentar a Sr.ª Ministra e
os Srs. Secretários de Estado.
Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Antes de mais, quero felicitar a proposta que hoje o Governo aqui
nos traz e a abertura e disponibilidade que o CDS e, estou convicto, também PSD terão para eventuais