I SÉRIE — NÚMERO 60
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Já se imaginou, como seria a nossa vida se, quando estamos a caminho do trabalho, soubéssemos
antecipadamente que havia uma fila de trânsito de três horas e que, a cinco minutos do local onde me
encontro, há um estacionamento e um transporte público que me põe no local de trabalho em meia hora?
Sendo ainda mais ousado, já conseguiram imaginar como seria se, ao sairmos de casa, colocássemos no
GPS o local para onde pretendemos ir e o carro nos levasse lá, sem termos que conduzir?
O que aqui discutimos, hoje, ainda não nos vai levar a esta última constatação, mas é o início de um
caminho. Hoje, o que pretendemos, tal como pretendiam os académicos americanos nos anos 80, é alcançar
eficiência e eficácia.
A proposta que se discute visa uma aposta nas tecnologias da informação que incluirá as infraestruturas,
os veículos e os utilizadores. A gestão de forma avançada deste trinómio ajudará todos os utilizadores a
tomarem decisões de acordo com uma consciência de eficiência que não só é amiga do ambiente mas que é
também amiga do combate à conjuntura económica. Estamos aqui a falar de um claro combate ao
desperdício.
Uma outra vantagem, que não podemos esconder, prende-se com o facto de uma rede de informação e de
gestão das infraestruturas de viação permitir a opção pelo transporte público de forma integrada, dado que o
utente passa a ter a exata noção de onde encontra o quê e em quanto tempo.
Estando o mote lançado, há, assim, que prosseguir o caminho que deve ser traçado em conjunto com a
União Europeia. Este é um caminho que não pode esquecer o respeito pela privacidade dos cidadãos.
Após a fusão de vários institutos públicos no IMT, contamos que este organismo tenha todos os meios
humanos e técnicos necessários para concretizar a ideia, já que esta será a entidade responsável pela
coordenação, implementação e continuidade do sistema STI no nosso país.
Assim sendo e com estas ressalvas, o CDS enaltece o trabalho feito no âmbito desta transposição da
diretiva comunitária, mas, acima de tudo, fica na expetativa de que a União Europeia possa trabalhar esta
matéria de forma conjunta e cooperando permanentemente com as entidades responsáveis em cada país.
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Adriano Rafael
Moreira.
O Sr. Adriano Rafael Moreira (PSD): — Sr. Presidente, Srs. Secretários de Estado, Sr.as
e Srs.
Deputados, a base desta transposição, que hoje aqui debatemos, tem por fundamento o congestionamento
das nossas vias rodoviárias.
Constatou-se que este problema não se resolve com mais construção, com mais ferrovia, com mais
infraestrutura, a solução passa pela inovação. E, Sr. Deputado do Partido Comunista, neste campo, Portugal
«tem cartas a dar», como, por exemplo, a Via Verde. Este é um exemplo que merece ser transportado para
outros países.
Portanto, a solução não é só à custa de ferrovia, rodovia, aeroportos ou portos. Isso é importante, mas é
também através da inovação tecnológica, fazendo um interface entre os vários meios de transporte, que se
consegue otimizar. A Via Verde é o exemplo que lhe queria deixar, um exemplo do que podemos exportar para
os países da União Europeia, que facilita a circulação em todos os países.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Tem a palavra o Sr. Deputado Bruno Dias.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados, não podemos ficar embasbacados e
ofuscados perante uma imagem de modernidade para o século XXII. Estamos a falar de legislação portuguesa
e estamos a discutir se vamos ou não aprovar uma lei que vai possibilitar o acompanhamento e a
monitorização, em tempo real, do ponto de vista da mobilidade, desculpem a expressão, de «tudo o que
mexe».