I SÉRIE — NÚMERO 60
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Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — E uma vez que a sustentabilidade da dívida depende do rácio
dessa mesma dívida em relação ao produto, só há duas maneiras de conseguir prosseguir um caminho de
sustentabilidade: por um lado, evitar o crescimento da dívida e, por outro lado, assegurar condições para que
esse crescimento vá permitindo uma evolução positiva do rácio da dívida sobre o produto e, assim, evitar o
crescimento da dívida.
Os Srs. Deputados não podem achar que a dívida é de geração espontânea, que não tem razões que a
causam. O défice é uma das principais razões do crescimento da dívida pública em Portugal.
O Sr. João Oliveira (PCP): — É falso, falso!
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — O facto de termos uma das maiores dívidas da Europa não é
indiferente ao facto de sermos um dos únicos dois países que, nos últimos 30 anos, nunca teve um superavit
nas suas contas públicas e foi sempre acumulando défices.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Então, explique lá o caso de Espanha!
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — É preciso perceber que se continuarmos a insistir em políticas
discricionárias que, elas próprias, aumentam o endividamento, obviamente que a sustentabilidade da nossa
dívida será cada vez menor.
Também é preciso ter noção de que não vale a pena criar ilusões sobre a questão dos juros. Se os juros
têm um peso cada vez maior não é porque o valor desses juros seja mais alto, mas porque a dívida é maior e
o seu volume continua a aumentar.
Convém deixar aqui um dado concreto: o valor médio dos juros da dívida pública portuguesa era de 4,3%
em 2011; o valor médio dos juros da dívida pública portuguesa é, hoje, de 3,6%, ou seja, é mentira o discurso
dos juros usurários. O problema está no volume da nossa dívida.
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Bem lembrado!
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — O facto de termos, neste momento, um Programa de
Ajustamento contribuiu para reduzir o valor médio dos juros a pagar por Portugal e não para aumentar o valor
médio desses juros. Portanto, convém ter o mínimo de responsabilidade quando fazemos este tipo de
discurso.
Vozes do PSD e do CDS-PP: — Muito bem!
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Também convém dizer que, de 180 casos de reestruturação
da dívida de países de todo o mundo feitas nos últimos 35 anos, apenas um terço dessas reestruturações
incidiu sobre a redução do valor global da dívida, ou seja, a maioria das reestruturações — mais de dois terços
— de dívida feitas a nível mundial, têm a ver com os prazos e com as maturidades dessa mesma dívida.
Portanto, convém os senhores terem a noção disso quando vêm aqui vender ilusões.
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — No fundo, o que está em causa é conseguirmos evitar um
aumento da dívida por dois caminhos: um deles é através do crescimento e através do nosso PIB; o outro é
através da redução do défice, evitando que o défice contribua para o aumento dessa dívida. Não é pouco!
Aliás, nos últimos 30 anos, nunca conseguimos ter um crescimento sustentado e nunca conseguimos ter um
superavit, o que nos dá bem a noção da tarefa que temos pela frente.