9 DE MARÇO DE 2013
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Hugo Chávez contribuiu para o desenvolvimento de relações de amizade entre o povo português e o povo
venezuelano e entre Portugal e a Venezuela no quadro de uma intervenção no plano internacional de defesa
da paz e de uma nova ordem internacional mais equitativa e mais justa.
Neste momento de dor e luto, a Assembleia da República manifesta a sua confiança de que o povo
venezuelano saberá defender os progressos alcançados nos últimos anos, a soberania e a legalidade
constitucional da Venezuela.
A Assembleia da República expressa o seu profundo pesar pelo falecimento do Presidente Hugo Chávez e
transmite à sua família, à República Bolivariana da Venezuela e ao povo venezuelano as mais sentidas
condolências.
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Hugo Chávez nasceu em 1954 em Sabaneta, uma região rural da Venezuela. Foi educado no seio da
religião católica e aos 17 anos ingressou na Academia Militar da Venezuela, onde em 1975 se graduou em
Ciências e Artes Militares. Prosseguindo na carreira militar veio a alcançar o posto de Tenente-Coronel.
Em 1982 foi cofundador do Movimento Bolivariano Revolucionário 200, que era composto por um conjunto
de jovens oficiais e 10 anos depois liderou um golpe que tinha por objetivo depor o Governo de então.
Na sequência disso, acabou por ser preso, sendo libertado em 1994 e, a partir desse momento, veio a
procurar alcançar o poder por via eleitoral. Para isso criou o Movimento Quinta República e candidatou-se às
eleições de 1998 com base numa campanha onde defendia os direitos dos mais pobres e a instituição daquilo
a que ele chamou de «socialismo do século XXI».
Durante os 14 anos que esteve no poder, Chávez implementou uma governação de esquerda, promovendo
o antiamericanismo e o anticapitalismo e apostando numa política de nacionalizações de sectores estratégicos
da economia venezuelana. Ao mesmo tempo apostou numa política baseada nas chamadas missões
bolivarianas que tinham por objetivo combater as doenças, o analfabetismo, a desnutrição e a pobreza.
Em simultâneo, a Venezuela neste período liderou um processo de transformação política na região.
Para muitos portugueses, a Venezuela foi o destino da nossa emigração, aí se estabelecendo uma
importante comunidade nacional, que com o seu trabalho e a sua capacidade o mesmo foi sendo reconhecido
pelo regime venezuelano que procurou salvaguardar a relação com a comunidade portuguesa, enaltecendo o
seu dinamismo e empreendedorismo.
Em termos bilaterais Portugal e a Venezuela desenvolveram, nos últimos anos, uma relação de grande
aproximação em termos económicos e financeiros que permitiu a celebração de um conjunto de acordos
económicos e empresariais com vantagens para os dois países, de que Hugo Chávez foi um grande defensor
e promotor. Portugal, de resto, sempre teve relações estreitas com as autoridades venezuelanas,
independentemente das suas lideranças.
Hoje, desejamos que a comunidade portuguesa continue a gozar do respeito do povo venezuelano e que
continue a contribuir também ela para o desenvolvimento do País.
Exprimimos ainda o desejo de que as relações entre os dois Estados, pautado pelo respeito mútuo, se
continuem a desenvolver no plano político, económico e social.
Nestes termos, a Assembleia da República apresenta as suas condolências à família de Hugo Chávez, ao
povo e ao Governo venezuelano.
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O Presidente da Venezuela, Hugo Chávez, faleceu na passada terça-feira, aos 58 anos, vítima de uma
doença prolongada, que lhe havia sido diagnosticada no verão de 2011.
Hugo Chávez nasceu em Sabaneta, Venezuela. Filho de pais professores e criado pela avó paterna. Aos
17 anos ingressou na Academia Militar da Venezuela e, aos 21, formou-se em ciências e artes militares, na
área de engenharia. Prosseguiu a carreira militar, tendo atingido o posto de tenente-coronel.
Fundou, em 1997, o Movimento 5.ª República, partido político de esquerda da Venezuela. O partido foi
considerado o maior do país entre 1998 e 2006, quando foi dissolvido para se juntar ao Partido Socialista
Unido da Venezuela (PSUV).