9 DE MARÇO DE 2013
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desta natureza ou comparáveis, que são, muitas vezes, ignorados? Pode o Sr. Ministro assegurar que desta
vez as coisas são diferentes e que vamos ter uma execução concreta deste Conceito?
A segunda questão prende-se com a relação entre este Conceito e a reforma das Forças Armadas. Temos
assistido a críticas, aqui renovadas pelo Sr. Deputado José Lello, quanto ao comportamento do Governo, que
ao mesmo tempo em que trabalha na reforma das Forças Armadas delimita este novo Conceito. Mal andaria o
Governo se estivesse à espera de ter um papel para começar a trabalhar! Isso enviaria para as calendas as
reformas que têm de ser feitas.
Há um ponto que temos de sublinhar: as Forças Armadas são uma parcela do todo nacional, e são uma
parcela muito importante, uma parte muito significativa da nossa Administração Pública. Como todas as
parcelas da nossa Administração Pública, elas não podem fugir a uma reforma que as torne mais coerentes e
mais sustentáveis, mas uma reforma que seja equilibrada e que não ponha em causa o papel essencial, em
vários domínios, das Forças Armadas.
Por isso, Sr. Ministro, e para terminar, deixo-lhe uma outra pergunta, também concreta: de que forma este
caráter orientador das Grandes Opções do Conceito Estratégico está a ser, pode ser e deve ser útil para os
trabalhos de reforma das Forças Armadas e em que medida entende o Sr. Ministro que é possível e
necessário que esta filosofia vá ser plasmada nessa reforma, que se quer imediata e urgente mas que se quer
também útil ao País e às Forças Armadas?
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — Tem a palavra o Sr. Ministro da Defesa Nacional para responder.
O Sr. Ministro da Defesa Nacional: — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado José de Matos de Correia, as duas
perguntas que coloca são absolutamente pertinentes.
Realmente, este Conceito Estratégico — que, como diz e bem, se trata de uma atualização e não de um
novo conceito estratégico — tem uma visão mais alargada e, sobretudo, trata o tema considerando que a
estratégia nacional convoca todos, as instâncias da vida pública e as instâncias da vida privada, para que, de
uma forma conjunta, se tratem de matérias que estão muito para lá da própria lógica das Forças Armadas. A
operacionalidade que refere também é indicada no documento fazendo ênfase a que a linha de ação
estratégica convoca uma dimensão mais articulada, interdepartamental e interministerial, com as boas práticas
que devem apontar para a monitorização em conjunto das diversas políticas públicas que são, depois,
subordinadas a este Conceito. A dado passo, no próprio Conceito define-se que essa dimensão operacional
tem de estar muito presente, de uma forma articulada, coordenada e monitorizada, para que seja possível ir
fazendo a prestação de contas em relação ao bom cumprimento da linha estratégica nacional.
A Sr.ª Teresa Leal Coelho (PSD): — Muito bem!
O Sr. Ministro da Defesa Nacional: — Quanto à reforma das Forças Armadas, Sr. Deputado, aqui
devemos fazer uma linha distintiva entre a crítica hipócrita de quem quer invocar algumas coisas para nada
fazer e aquilo que é a verdadeira consequência dos documentos que temos em discussão.
A Sr.ª Teresa Leal Coelho (PSD): — É isso mesmo!
O Sr. Ministro da Defesa Nacional: — Este Conceito foi lançado a debate há mais de um ano, houve
colóquios de natureza pública, comissões que, como foi de conhecimento público, apresentaram os seus
trabalhos, recebemos contributos individuais, académicos, etc., e, em dezembro, apresentei nesta Assembleia
o documento final.
Concordo com o Sr. Deputado, acho que o papel regimental da Assembleia deve ser, no futuro, reforçado
para que o Conceito possa ser mais enriquecido com os contributos do Parlamento, mas esse não é um
problema do Governo, é um problema regimental.
A Sr.ª Teresa Leal Coelho (PSD): — Muito bem!