9 DE MARÇO DE 2013
9
de Portugal na segurança e defesa cooperativa, em primeira linha, na NATO. É uma afirmação estratégica
assumida e, por isso, quanto a isso não posso dizer nada, porque é do tamanho do oceano aquilo que nos
separa. Estamos convencidos de que é nessa dimensão que melhor defendemos os interesses nacionais.
O Sr. Luís Fazenda (BE): — É a distância em relação à América!
O Sr. Ministro da Defesa Nacional: — Em relação à América, também lhe digo que essa é a segunda
dimensão que temos como prioridade. Como se diz no documento, é bom o reforço da importância estratégica
da relação bilateral entre Portugal e os Estados Unidos.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Não é unilateral, é bilateral porque eles é que mandam!
O Sr. Ministro da Defesa Nacional: — Numa leitura atenta do documento, verificará que definimos bem as
prioridades que devem colocar-se a Portugal a nível das alianças, porque é desse modo que Portugal, não
estando isolado do mundo, pode criar as melhores condições para o bem-estar do povo português.
No que diz respeito à segunda questão, o Sr. Deputado, na pergunta que fez, deu resposta. Quando
dizemos «articulação» é articulação, o que significa que não há nem confusão nem sobreposição, e é feita,
como é evidente, no respeito das regras constitucionais.
As Forças Armadas só num determinado quadro constitucional podem fazer a sua atuação dentro das
fronteiras geográficas, e, como é óbvio, só nesse quadro acontece, mas quando acontece deve ser de uma
forma articulada e racionalizando aquilo que deve ser racionalizado. Não tendo nós todos os recursos do
mundo, devemos fazer uma articulação o mais possível perfeita para não termos de sobrecarregar o erário
público e, por outro lado, para que possamos fazer uma eficiente gestão da segurança a que os portugueses
têm de estar sujeitos face a ameaças que, como se sabe, hoje se expressam, muitas vezes, dentro de portas
mas que têm uma dimensão global, como é o caso, por exemplo, do terrorismo.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Joaquim Ponte.
O Sr. Joaquim Ponte (PSD): — Sr.ª Presidente, Sr. Ministro, instalou-se na sociedade portuguesa uma
certa cultura da lamúria que alguns vão alimentando com discursos pessimistas sobre o futuro do País.
Quer parecer-me que este documento procura, de alguma forma, romper com esta situação mas, para ficar
completamente esclarecido, gostaria que o Sr. Ministro me confirmasse esta pretensão falando-nos um pouco
mais dos setores estratégicos, dos recursos naturais e também das oportunidades identificadas neste
Conceito Estratégico.
Sr. Ministro, houve também quem dissesse, na discussão pública que antecedeu este debate no Plenário,
haver falta de vontade à mobilização da cidadania para valores da defesa e da nação. Considera o Sr. Ministro
que estas críticas são justas? Em caso negativo, gostaria que me dissesse se o Ministério que dirige, de forma
isolada ou em parceria com outros departamentos governamentais, está, ou tenciona desenvolver, de alguma
forma, ações em matéria de educação para a cidadania e em matéria de cultura, segurança e defesa.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Entretanto, assumiu a presidência o Vice-Presidente Guilherme Silva.
O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Ministro da Defesa Nacional.
O Sr. Ministro da Defesa Nacional: — Sr. Presidente, Sr. Deputado, realmente, a cultura da lamúria e de
uma certa dimensão autodepressiva, devemos combatê-la. Mas também devemos fazê-lo de uma forma séria,
ou seja, não escondendo a verdade a todos.