15 DE MARÇO DE 2013
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região, pura e simplesmente tenha parado sem que o Governo, apesar de ter avançado com 200 milhões
através de Caixa, tenha conseguido demover este consórcio financiador.
Por isso, gostava, no pouco tempo de que disponho, de perguntar ao Partido Social Democrata, que aqui
apresenta um projeto de resolução, o que quer dizer quando refere, na resolução, «que o Estado tome a seu
cargo a conclusão das obras de construção do Túnel do Marão». Queria saber, de forma clara, se, pela
primeira vez, uma das bancadas da maioria propõe, nesta Assembleia, o resgate público de uma parceria
público-privada. Queria que isso ficasse objetivamente claro, assumido aqui em palavra.
O Sr. Adão Silva (PSD): — É exatamente isso!
A Sr.ª Ana Drago (BE): — Acho que isso era importante.
Sr.as
e Srs. Deputados, não chega dizer, na parte resolutiva, que se prossigam as obras. Não! É necessário
apurar responsabilidades desta paragem ao longo de tanto tempo pelos postos de trabalho perdidos, pela
falência de mais de 100 empresas nesta região e saber quais são as responsabilidades do consórcio
financiador.
Gostava que essa vontade de resgate público de uma parceria público-privada ficasse aqui assumida pelo
PSD e pelo CDS.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Hélder
Amaral.
O Sr. Hélder Amaral (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Queria começar por dizer que o
CDS se revê totalmente no projeto de resolução apresentado pelo Partido Social Democrata e regista como
positivo o facto de as demais bancadas terem apresentado projetos de resolução que vão no sentido de que
esta é uma obra que não pode ficar como está.
Queria também dizer que esta parceria público-privada está a ser avaliada no âmbito da comissão de
inquérito relativa às parcerias público-privada, portanto não difere das outras. Será feita uma avaliação com
todo o rigor, indo às últimas consequências.
Acrescento que até subscreveria aquilo que o então primeiro-ministro Eng.º José Sócrates disse sobre esta
obra: que era um investimento a favor da «qualidade de vida», de mais «justiça e coesão territorial do País»,
uma obra de «justiça» para com Trás-os-Montes» e «não queremos deixar nenhuma região para trás».
Contudo, esta parceria público-privada é também o mais eloquente monumento da irresponsabilidade do
Governo anterior. Sobre isso, não tenham a menor dúvida. Dizia o então secretário de Estado, referindo-se às
oito PPP, que não custavam dinheiro ao contribuinte, que não tinham nenhum impacto no Orçamento do
Estado. É verdade! Os custos foram transferidos para 2014, pelo que à data não teriam custos.
Estas oito parcerias público-privadas foram assinadas quando a dívida portuguesa estava nos 93% — oito
parcerias público-privadas. E em relação a esta, que não custava nada aos contribuintes portugueses, tinha só
um investimento de 373 milhões de euros, tinha um pagamento por disponibilidade, no máximo, de 18 milhões,
segundo um estudo da Ernst & Young (aval de janeiro de 2012), o Estado teria de pagar 165,8 milhões de
euros. Esta é a realidade.
E teria até, se houvesse rigor e se não houvesse a intenção de fazer obra a qualquer custo, deixando a
fatura para outros pagarem — e esse é também um fator de perder a paciência… É porque é tanta, tanta
fatura para se pagar; tanto, tanto erro para se corrigir; tanto, tanto embuste ao contribuintes e ao eleitorado
que é, de facto, de perder a paciência!
Protestos do Deputado do PS Pedro Silva Pereira.
Se tivesse havido cuidado, na avaliação do impacte ambiental estava lá o risco e o problema de,
eventualmente, afetar a recolha de águas, que veio a originar uma providência cautelar. Que fez acontecer o
quê? A primeira paragem e a partir daí tudo o resto se esmoronou.