15 DE MARÇO DE 2013
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O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Para apresentar o projeto de resolução n.º 639/XII (2.ª), do Partido
Ecologista «Os Verdes», tem a palavra o Sr. Deputado José Luís Ferreira.
O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: Creio que o facto de
praticamente todas as bancadas apresentarem iniciativas legislativas sobre este assunto revela a importância
do túnel do Marão, mas também creio que é consensual dizer-se que a construção do túnel tem mesmo de
chegar ao fim. E tem de chegar ao fim não só porque o túnel do Marão é uma obra absolutamente estruturante
para a região de Trás-os-Montes, mas também porque esta obra dá sequência à A4, entre Porto e Amarante,
e vai ainda permitir a ligação à autoestrada transmontana que liga Vila Real a Bragança.
Sem esta obra, tudo o resto fica comprometido, porque o túnel do Marão acaba por assumir uma
importância-chave no que diz respeito à mobilidade e às acessibilidades de Trás-os-Montes.
A empreitada da obra foi lançada em 2009, com um investimento inicial anunciado de 350 milhões de
euros, e deveria estar concluída no início do ano de 2012.
Porém, esta importante obra haveria de conhecer um percurso sinuoso, marcado sobretudo pelas três
interrupções que conheceu, duas delas na sequência de providências cautelares, como já foi aqui referido, e a
última da responsabilidade do atual Governo, que, logo a seguir a tomar posse, suspendeu os trabalhos.
De facto, em junho de 2011, o atual Governo suspendeu os trabalhos por 90 dias. Passados esses 90 dias,
o Governo acabou por prolongar a suspensão por mais 60 dias, os quais se prolongam até hoje, ou seja, de 60
dias de suspensão passámos, pelo menos para já, para 16 meses.
Depois deste tempo todo, muitos trabalhadores, assim como pequenas empresas subcontratadas, ficaram
à espera que o Governo se decidisse.
Entretanto, o impasse nesta obra já levou à falência de mais de meia centena de pequenas empresas e já
destruiu 1400 postos de trabalho. Isto já para não dizer que continua a ter um forte impacto negativo na região
e na economia da região.
Ainda no início desta semana, estive em Amarante, mais concretamente em Gondar, falei com as pessoas,
que me deram conta dos estragos que a suspensão da obra está a provocar na região. Um senhor, que tinha
um restaurante, foi obrigado a despedir cinco funcionários e acabou por fechar o restaurante, ficando agora
apenas com a pastelaria. E esta situação repete-se por toda a região.
Em relação aos pequenos empresários da construção civil que tinham investido de forma substancial para
dar resposta à expectativa que fora criada com a construção do túnel do Marão, agora, só se veem estaleiros
abandonados, num cenário que chega até a entristecer. Isto já para não falar do desemprego na região, que é
assustador.
Ora, ninguém compreende como é que o Governo, sabendo que esta obra tem de ser concluída, mas
sabendo também que quanto mais tarde reiniciar os trabalhos mais custos terão de ser suportados pelos
contribuintes, mantém este impasse há quase dois anos.
Estamos a falar de uma obra onde já foram gastos cerca de 300 milhões de euros dos contribuintes e onde
os estragos ambientais já estão mais do que consumados.
Por último, refira-se que esta paralisação vai, certamente, acarretar um substancial acréscimo de custos,
que se avolumam, aliás, à medida que o tempo passa. Ou seja, quanto mais tarde se retomarem as obras do
túnel do Marão, mais custos acrescerão para os contribuintes.
Impõe-se, portanto, que o Governo proceda, com toda a urgência, ao reinício das obras do túnel do Marão,
mas que, ao mesmo tempo, na afirmação e defesa do interesse público, faça uso de todos os meios ao seu
dispor para apurar eventuais responsabilidades por parte da banca e também do consórcio construtor
relativamente às consequências económicas que esta paralisação acarretou para o País e para os
portugueses.
Neste sentido, Os Verdes propõem que, por um lado, o Governo proceda com caráter de urgência ao
reinício das obras do túnel do Marão, mas que, por outro, na afirmação do interesse público, diligencie no
sentido de apurar eventuais responsabilidades por parte do consórcio construtor e também do consórcio
financeiro, que, aliás, assumiu o compromisso de financiar a obra relativamente aos custos acrescidos que
esta situação veio trazer para os contribuintes.