30 DE MARÇO DE 2013
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Aplausos do PSD.
Qual é o Partido Socialista que temos? É o Partido Socialista da moção de censura? O Partido Socialista
da narrativa teatral de José Sócrates, ontem, na televisão? Ou é o Partido Socialista que, meigamente,
escreve à troica e a Merkel a dizer que cumprirá até ao último centavo o Memorando que assinou com a
troica?
Aplausos do PSD.
A Sr.ª Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado António Braga.
O Sr. António Braga (PS): — Sr.ª Presidente, eu poderia responder já ao Sr. Deputado Luís Campos
Ferreira. É que a sua intervenção poderia parecer uma urgência médica, de tal maneira o seu incómodo
estava à vista…
Risos e aplausos do PS.
Mas vou cumprir a praxe parlamentar, respondendo, em primeiro lugar, à Sr.a Deputada Cecília Honório, a
quem agradeço as questões que nos dirigiu.
Queria dizer-lhe que, naturalmente, uma das razões que nos levou a invocar aqui a intromissão grosseira e
ilegítima do Sr. Primeiro-Ministro relativamente à eventual decisão, seja ela qual for, do Tribunal Constitucional
é porque gostaríamos de chamar a atenção para que o País não suspendeu a sua Constituição. Estamos com
dificuldades, que são reconhecidas, mas nem a democracia nem o texto constitucional estão suspensos.
O Sr. José Junqueiro (PS): — Muito bem!
O Sr. António Braga (PS): — Nessa perspetiva, quisemos sinalizar muito bem a separação de poderes: ao
Governo cabe cuidar de que a sua iniciativa legislativa não confronte, não colida, não invada o texto
constitucional e ao Tribunal Constitucional cabe fiscalizar essa atividade legislativa do Governo. Foi isso que
dissemos, pelo que acompanhamos a Sr.a Deputada na perplexidade por essa afirmação do Sr. Primeiro-
Ministro.
Mas o Sr. Primeiro-Ministro deixou-nos outras perplexidades. Veja bem a Sr.a Deputada que o Sr. Primeiro-
Ministro afirmou uma espécie de contentamento em que, para a sua previsão de 6.6% do défice, realizou
6.4%. É lamentável, é triste e até é dramático que um Primeiro-Ministro se dê por satisfeito por errar uma
previsão negativamente em relação ao défice.
Aplausos do PS.
Também dissemos isso com clareza.
Sr.a Deputada, é verdade, não estamos condenados a nenhuma fatalidade. Há várias mundivisões que
enformam os programas políticos. Naturalmente, o Bloco de Esquerda tem a sua, indiscutivelmente legítima, e
o Partido Socialista tem anunciado o seu caminho.
Quando dizemos que a sétima revisão, o sétimo Memorando, não tem rigorosamente nada a ver com o
Partido Socialista isso é história, infelizmente verdadeira, porque corresponde ao facto de o Governo e a
maioria se terem isolado na construção desta política de austeridade.
Aplausos do PS.
Isolaram-se porque assim o entenderam fazer, abandonando a procura de um eventual consenso às suas
custas, e essa é a principal e a grande responsabilidade da condução da política deste Governo, numa