I SÉRIE — NÚMERO 72
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O Sr. Honório Novo (PCP): — Termino já, Sr.ª Presidente.
Finalmente, falemos de propriedade privada. Por que é que a Sr.ª Deputada, ex-membro e defensora de
um Governo que corta salários, que corta reformas, que corta subsídios de Natal, que corta subsídios de
férias, que ataca e violenta a propriedade privada das populações e dos trabalhadores, só se preocupa com a
propriedade privada dos depósitos bancários?
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente: — Tem a palavra a Sr.ª Deputada Cecília Meireles para responder.
A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado João Galamba, começo por responder,
com alguma serenidade mas diretamente, às questões que colocou.
Quanto à decisão do Eurogrupo e à posição do Governo português, do qual o CDS se honra de fazer parte,
gostava de dizer que a decisão tomada foi proposta pelo governo cipriota e votada pelos 17 ministros dos 17
governos europeus.
A Sr.ª Teresa Caeiro (CDS-PP): — Essa é que é essa!
O Sr. António Filipe (PCP): — Pois é! Uma vergonha!
A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — E, portanto, sem complexos, já que nesses 17 ministros há ministros
democratas-cristãos, liberais, sociais-democratas e até mesmo socialistas.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Mas não há nenhum comunista!
A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — Eu sei que o Sr. Deputado, que é certamente muito leal ao seu
partido, até partilha da opinião do Secretário Nacional para as Relações Internacionais e Cooperação do
Partido Socialista, João Assunção Ribeiro, o qual se congratula com a nomeação do Presidente do Eurogrupo,
que é, aliás, um socialista, como sabe.
Portanto, Sr. Deputado, não lancemos aqui uma falsa discussão, porque o problema é bem real.
Convém perceber o tipo de negociações que Portugal está neste momento a fazer. É que, desses 17
ministros, só um Ministro das Finanças tinha na sua agenda Portugal, o interesse nacional e uma negociação
muito importante, como sabe, que é a negociação das maturidades da dívida — talvez houvesse dois, porque
o Ministro irlandês também teria esse ponto crucial na sua agenda.
A Sr.ª Teresa Caeiro (CDS-PP): — Muito bem!
A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — Sr. Deputado João Galamba, também quero dizer-lhe que convém
não confundirmos Portugal com Chipre. Certamente que são casos bastante diferentes, independentemente
dos desejos secretos que o Partido Socialista possa ter no seu âmago sobre esta matéria.
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Muito bem!
A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — Porém, Sr. Deputado, concordo consigo quando diz que há aqui uma
inversão da resposta europeia à crise das dívidas soberanas, uma crise que, na minha opinião, vai muito além
das dívidas soberanas. Há, de facto, uma inversão, mas gostaria de perceber qual é a posição do PS face a
essa inversão.
Percebemos que o PS não concorda com medidas do género das que foram tomadas no Chipre, mas,
pelos vistos, também não concorda — pelo menos agora, na altura em que negociou o Memorando seria um
bocadinho diferente —…