I SÉRIE — NÚMERO 79
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… quando os saldos que são considerados para a Lei de Enquadramento Orçamental permitem o
funcionamento dos estabilizadores automáticos?
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — É a primazia do défice!
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Ou seja, a Lei permite, por exemplo, que um Governo que
enfrente dificuldades de um ciclo económico mantenha as prestações sociais, para acudir àqueles que mais
dificuldades têm nesse momento.
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Exatamente!
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Não vale a pena entrarem pelo caminho da demagogia,
porque aquilo que os senhores disseram sobre a Lei de Enquadramento Orçamental não é verdadeiro.
Sr. Deputado Afonso Oliveira, termino respondendo à sua questão, porque é a mais importante e a que vai
exatamente ao encontro do espírito da intervenção que aqui tive oportunidade de fazer, relativa aos consensos
e à atitude do Partido Socialista.
O Partido Socialista, quando fala dos consensos, tem uma atitude um pouco superficial de achar que
responder aos desafios e às propostas sobre consensos é uma mera resposta ao PSD, ao CDS, ao Governo
ou a uma maioria.
O Partido Socialista não percebeu ainda a responsabilidade do momento, que o PSD e o CDS perceberam
quando o PS pediu ajuda externa, sendo que estivemos lá para dizer que estávamos solidários com o
compromisso assumido com as instâncias internacionais.
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Exatamente!
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Parece que o Partido Socialista ainda não entendeu que o
que dissemos na altura não foi que estávamos de acordo com o consenso, com o Partido Socialista ou com o
Governo do Eng.º José Sócrates! O consenso que demos foi aos portugueses e a Portugal, para defesa dos
seus interesses.
No dia em que os senhores perceberem isso, provavelmente virão mais depressa ao encontro de um
consenso que proteja o País.
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Tem a palavra, para uma declaração política, o Sr. Deputado Bruno
Dias.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Está em curso no nosso país uma
operação de autêntico sequestro financeiro do sector público. Apresenta-se com a chancela dos conselhos de
administração das empresas, com a aparente normalidade e com designações como «instrumentos de gestão
do risco financeiro», mas a verdade nua e crua é que se assiste ao roubo e à transferência para o grande
capital financeiro de milhares de milhões de euros. Neste caso, a arma do crime chama-se contrato de swap.
Os swap são «produtos financeiros derivados» e de alto risco, sujeitos a cotação, são frequentemente
classificados como contratos de aposta ou contratos de jogo. Está em causa praticamente todo o setor
empresarial do Estado, e em particular as empresas públicas de transportes. Desde 2008, todas subscreveram
estes instrumentos financeiros altamente especulativos e não obrigatórios para a contratação dos
empréstimos.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — É verdade!
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Os números do último relatório da Direcção-Geral do Tesouro e Finanças
apontam para uma perda de mais de 2645 milhões de euros. Isto significa que, no final de cada contrato de