I SÉRIE — NÚMERO 79
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Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Este resultado negativo para as empresas públicas decorre das
opções e orientações concretas dos governantes e administradores e não do facto de as empresas serem
públicas.
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Exatamente!
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Os causadores deste prejuízo ao erário público têm de ser responsabilizados.
Mas veja-se o caso do ex-Presidente da Carris: no mandato do anterior Governo, o então Presidente da
Carris negociou e assinou estes contratos de swap. Com o atual Governo, foi reconduzido no cargo, ficando
agora com a gestão da Carris, do metro de Lisboa, da Transtejo e da Soflusa e vendo o seu salário passar de
82 871,46 euros/ano para 107 587,7 euros/ano, ou seja, um aumento de 29,8%!
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — É um prémio!
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Desde dezembro de 2010, por força dos Orçamentos do Estado de 2011, de
2012 e de 2013, os trabalhadores destas empresas estão a ser roubados, nomeadamente com o
congelamento de carreiras e anuidades e com a comparticipação solidária, no Orçamento do Estado para
2011, com o roubo dos subsídios de férias e de Natal, em 2012, a que se somou a brutal carga fiscal, em
2013, mas também a retirada do direito a transporte dos trabalhadores no ativo e dos reformados.
Apesar destes cortes, a dívida das empresas continuou a aumentar em proporções avassaladoras.
Enquanto os Ministros e os Deputados do PSD e do CDS-PP foram atacando de forma inqualificável os
trabalhadores, os seus direitos e a sua luta, as empresas foram-se afundando nesta armadilha especulativa de
milhares de milhões de euros, caindo à mercê dos gigantes da alta finança.
Por isso, há perguntas que têm de ser feitas, quando os «papagaios» do poder económico aparecem com
os seus habituais insultos aos trabalhadores.
Quando ouvirem dizer que é preciso baixar salários porque não há dinheiro, perguntem onde se vai buscar
este dinheiro que agora desaparece.
Quando ouvirem dizer que os sacrifícios são para todos, perguntem quanto foram já sacrificados os
beneficiários destes negócios. Perguntem quais os sacrifícios feitos pela Goldman Sachs, pelo Barclays, pela
Morgan Stanley ou pela Merrill Lynch.
Quando ouvirem falar em privatizações, porque as empresas públicas funcionam mal e dão prejuízo,
perguntem quantos dos que promovem ou autorizam este uso dos dinheiros públicos já foram
responsabilizados por aquilo que fazem.
É assim que as palavras de José Afonso, desgraçadamente, mais atuais do que nunca traduzem como o
fiel e rigoroso retrato o que se passa no nosso país: Eles comem tudo e não deixam nada!
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Para pedir esclarecimentos ao orador, estão inscritos os Srs.
Deputados Paulo Batista Santos, do PSD, João Pinho de Almeida, do CDS-PP, e Ana Drago, do BE.
Tem a palavra o Sr. Deputado Paulo Batista Santos.
O Sr. Paulo Batista Santos (PSD): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Bruno Dias, o Grupo Parlamentar do
PSD, naturalmente, associa-se com preocupação à matéria que V. Ex.ª aqui trouxe.
Acompanhamos o sinal que deve ser transmitido a um conjunto de decisões que foram tomadas por
empresas públicas e que merecem, da nossa parte, do Parlamento, do Governo, um conjunto de
esclarecimentos.
Mas deixe-me dizer-lhe, com toda a clareza, que V. Ex.ª trouxe a este Parlamento dois equívocos e uma
grande confusão.
Os dois equívocos que V. Ex.ª referiu foram que este Governo, face às informações de um conjunto de
contratos realizados em 2008 —…