18 DE ABRIL DE 2013
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O Sr. Bruno Dias (PCP): — É que demagogia é aquilo que os senhores fazem quando dizem que o
problema das empresas e os seus prejuízos resultam essencialmente das greves e das lutas dos
trabalhadores.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Ora, bem! Isso é que é demagogia!
O Sr. Bruno Dias (PCP): — É o CDS, o PSD e o Governo que assumem esta posição de atribuir aos
trabalhadores das empresas a culpa e a origem do problema económico que elas estão a atravessar, são
estes partidos, estas bancadas, este Governo, que assumem essa posição, quando sabemos que aquilo que
uma empresa do setor entrega aos bancos, em juros e em perdas de swap, num ano, dava para pagar 10
anos de salários, aquilo que temos aqui é exatamente a última das bancadas e o último dos partidos que podia
falar em demagogia e populismo.
Vozes do PCP: — Ora, bem! Exatamente!
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Demagogia é impor aos trabalhadores sacrifícios absolutamente brutais,
desumanos, uma sobre-exploração como nunca foi vista, em que as empresas têm salários dos trabalhadores,
numa quantidade inaudita, penhorados pelas dificuldades económicas que atravessam e dizer — como dizia
ainda há pouco o Sr. Deputado do PSD — que isso serve para estancar a espiral de dívida e o caos financeiro.
Não serve para nada disso, Srs. Deputados!
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Exatamente!
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Serve para entregar esse dinheiro, que é «poupado» na carne e nos ossos
dos trabalhadores e das suas famílias, e entregá-lo à Morgan Stanley,…
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Exatamente!
O Sr. Bruno Dias (PCP): — … à Goldman Sachs, como está a acontecer.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Exatamente!
O Sr. Paulo Batista Santos (PSD): — Não seja demagogo!
O Sr. Bruno Dias (PCP): — É para aí que vai o dinheiro! É tão simples como isto, Sr. Deputado!
Protestos do Deputado do CDS-PP João Pinho de Almeida.
E quando nos diz que as coisas aconteceram como tinham que acontecer, porque não havia alternativa e
foi nessas condições que os empréstimos foram impostos, é preciso dizer que, mesmo em relação ao que está
agora a passar — e não vou falar daquilo que já dissemos sobre a recondução do presidente da Carris,
responsável por estes contratos que há na empresa, com 30% de aumento no salário —, está em causa a
própria atuação do Governo juntos dos bancos e dos megabancos.
O Sr. Deputado ignora que, na Grã-Bretanha, a entidade supervisora e de regulação conseguiu que os
bancos alterassem os contratos e compensassem as empresas pelos prejuízos que causaram com «soluções
financeiras deste tipo»?! Aquilo que está a acontecer na Grã-Bretanha não pode acontecer no resto do
mundo?! Os bancos não podem alterar estes contratos e compensar as empresas pelo autêntico roubo, pela
operação de transferência de milhares de milhões de euros que está a acontecer?!
Os senhores são tão rápidos a penalizar os trabalhadores, a cortar-lhes nos salários, a cortar-lhes nos
direitos, e ficam «a ver passar navios», enquanto os milhões vão sendo escoados do erário público e do setor
público para o setor financeiro internacional?!