I SÉRIE — NÚMERO 79
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O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — … e onde se tenta corrigir também uma trajetória da dívida
que, em muitos casos dessas empresas públicas, é totalmente insustentável.
É possível fazer isso tudo sem fazer demagogia. É possível irmos às questões concretas, apurarmos o que
é que se passou, quem é responsável, como é que se passou, em que momentos, sem estarmos a misturar
tudo e sem fazermos demagogia.
O Sr. Hélder Amaral (CDS-PP): — Muito bem!
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Por isso é que temos como muito claras quais as questões
que é fundamental esclarecer em nome dos contribuintes e, certamente também, em nome dos trabalhadores
e dos utentes de muitas destas empresas públicas.
Protestos da Deputada do PCP Rita Rato.
É verdade que sofrem com os ajustamentos que neste momento são feitos e têm todo o direito de não
compreenderem como é que, no momento em que as empresas têm de fazer ajustamentos, quer nos seus
quadros de pessoal, quer nas remunerações desses trabalhadores, quer nos serviços que prestam à
população, é possível que isso aconteça, podendo vir a registar perdas — e podem, temos que ter bem noção
do que é que estamos a falar — que se prendem com operações financeiras de muito questionável opção no
quadro de uma empresa pública que gere dinheiro que não é gestores mas dos contribuintes.
Protestos da Deputada do PCP Rita Rato.
As questões que referia são muito claras: foram estas opções meras opções de mercado — na lógica
normal, foram de jogo financeiro — ou essas mesmas operações têm outra base de suporte? Foram feitas
para cobrir que tipo de risco de juro e que tipo de contratos de financiamento? Sem esses contratos e sem
este tipo de opções, qual seria a consequência ao nível do valor dos juros a suportar por estas empresas?
Quais foram os pressupostos que basearam as decisões para a subscrição deste tipo de produtos? Quem
tomou essas decisões e quem, do ponto de vista político, teve a responsabilidade, por dar orientações ou por
as permitir, que este tipo de decisões fossem tomadas?
Há muitas questões que são transparentes, não são demagógicas e permitem que os contribuintes saibam
aquilo que aconteceu nestas empresas públicas.
Por isso, consideramos que o Governo faz bem em incumbir as entidades que têm essa responsabilidade
de fazer o apuramento factual, o apuramento da responsabilidade subjetiva. E fará bem o Parlamento se,
depois desse processo concluído, fizer também o seu papel de escrutínio político, continuando a apurar
responsabilidades.
Tudo isto, como disse, a bem da transparência e evitando o populismo.
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Bruno Dias.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Sr. Presidente, para responder às referências do Sr. Deputado João Pinho de
Almeida sobre demagogia e populismo, teria melhores condições se tivesse comigo as transcrições dos
debates em Plenário com as intervenções que o CDS fez sobre as greves.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Ora, bem!
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Pensei que era sobre o BPN!