18 DE ABRIL DE 2013
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Portanto, Sr. Deputado, sobre a questão dos contratos de swap e a dívida creio que estamos conversados,
mas gostava de ouvir a sua opinião sobre a questão da privatização e das concessões, se considera que esta
é, de facto, a estratégia para estancar os custos para os contribuintes e para os utentes de transportes
públicos.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Bruno Dias.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Sr. Presidente, antes de responder à Sr.ª Deputada Ana Drago, queria pedir
um esclarecimento à Mesa. Gostaria de saber se a Mesa regista alguma inscrição da parte do PS para pedir
esclarecimentos.
O Sr. Presidente (António Filipe): — O Sr. Deputado sabe tão bem como eu que não, pois anunciei quem
estava inscrito para pedir esclarecimentos.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Podia ter havido algum mal-entendido, embora não costume acontecer.
Agradeço a informação, Sr. Presidente.
Sr.ª Deputada Ana Drago, agradecendo a sua pergunta, quero dizer-lhe que temos, vezes de mais, tomado
contacto e conhecimento da situação dramática que está a acontecer para os utentes dos transportes
públicos, em que as populações veem carreiras serem cortadas ao nível da ligação rodoviária, veem percursos
de comboio deixarem de ser feitos, veem o aumento brutal dos preços no transporte público, veem o fim dos
passes 4-18 e Sub_23 para os jovens.
Depois, somos confrontados com os mais recentes dados oficiais da Direção-Geral do Tesouro e Finanças
(DGTF), relativos ao terceiro trimestre do ano passado, que nos levam a esta conclusão: se o metro de Lisboa
funcionasse gratuitamente, teria deixado de receber 51 milhões de euros, que é o total das receitas
operacionais registadas durante um ano; no mesmo período, perdeu em derivados financeiros 238 milhões de
euros. Ou seja, o metro de Lisboa, se andasse «de borla», se não pagássemos bilhete, durante quatro anos,
perdia menos dinheiro do que aquele que perdeu num ano na especulação financeira destes contratos. É disto
que estamos a falar!
Portanto, quando nos dizem que é preciso estancar a dívida financeira e o caos financeiro das empresas,
e, portanto, vá de cortar nos salários, vá de cortar nos direitos, vá de aumentar os preços, vá de cortar nos
passes,…
O Sr. Paulo Batista Santos (PSD): — Não, vamos acabar com os contratos!
O Sr. Bruno Dias (PCP): — … criando dificuldades cada vez mais graves às famílias, às populações e aos
trabalhadores, enquanto vão entretendo o pagode, desculpem a expressão, com a conversa do barbeiro da
Carris, que não existe há muitas décadas, com os privilégios dos trabalhadores do setor dos transportes e com
a ladainha insultuosa que dedicam constantemente aos trabalhadores do setor (e é curioso o casting de
algumas bancadas para a formulação das perguntas hoje à tarde, em relação a esta matéria),…
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — É verdade!… Os caceteiros dos transportes ficaram calados!
O Sr. Bruno Dias (PCP): — … é preciso aqui dizer que estamos na proporção de 1 para 140 naquilo que
está em causa nas perdas das empresas.
E quando verificamos que a maioria é solidária com os administradores, que assinaram os contratos e
continuam em funções, que foram reconduzidos e aumentados por este Governo (houve 30% de aumento
para os gestores neste caso concreto),…
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Ora bem!