20 DE ABRIL DE 2013
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Inúmeras vezes é invocada a falta de eficiência, as perdas, a rentabilidade financeira para justificar o
processo de privatização, enfatizando as vantagens de a gestão ser assegurada por entidades privadas. Tudo
isto é falso!
A privatização destes serviços insere-se numa estratégia ideológica do Governo, de reconfiguração do
Estado, de liquidação de importantes serviços públicos, de oneração das populações com o aumento dos
preços e taxas, de destruição do emprego público e retirada de direitos aos trabalhadores.
A opção do Governo é clara: governar de acordo com os interesses dos grupos económicos que há muito
pretendiam abocanhar estes setores públicos, em vez de salvaguardarem os recursos públicos, a qualidade
dos serviços públicos e os interesses das populações.
O PCP mantém a sua posição de defesa dos serviços públicos de qualidade, da manutenção na esfera
pública da gestão do abastecimento de água, do saneamento e resíduos.
O PCP mantém a sua posição de defesa do direito à água e da acessibilidade à água por todos os
portugueses. Só uma gestão pública garante que os interesses dos trabalhadores, do povo e do País serão
assegurados.
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente: — Também para uma declaração de voto, tem a palavra a Sr.ª Deputada Helena Pinto.
A Sr.ª Helena Pinto (BE): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: A aprovação, hoje, em votação final
global, da proposta de lei n.º 123/XII (2.ª), que abre espaço e caminho à privatização do setor das águas e dos
resíduos, é um facto que tem de ser sublinhado. E é um facto que tem de ser sublinhado, porque traduz a
opção obsessiva desta maioria e deste Governo em entregar ao setor dos privados bens essenciais como a
água.
Sr.as
e Srs. Deputados: Todos os exemplos de concessão a privados dos sistemas de água e de resíduos
se têm revelado catastróficos, não só em termos de qualidade dos serviços como, sobretudo, de aumento do
seu preço para as populações. É verdade, Sr.as
e Srs. Deputados, basta olhar para o País, de norte a sul.
O Sr. António Leitão Amaro (PSD): — É falso!
A Sr.ª Helena Pinto (BE): — Não é falso, Sr. Deputado António Leitão Amaro. Não é falso, e o Sr.
Deputado sabe bem que não é falso!
Por isso, Sr.as
e Srs. Deputados, a posição hoje aqui assumida pela maioria, ao apoiar esta proposta de lei,
significa um retrocesso muito grande naquilo que é um direito fundamental, que é o direito de acesso à água
por todas e por todos.
A Sr.ª Cecília Honório (BE): — Muito bem!
A Sr.ª Helena Pinto (BE): — Sr.as
e Srs. Deputados: Este processo não é irreversível. Os senhores abrem
a porta, os senhores facilitam, mas é possível reverter esta situação e defender a água como um bem público
e um direito humano de todos e de todas.
Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente: — Srs. Deputados, a ordem do dia de hoje está cumprida, pelo que terminámos os
nossos trabalhos.
A próxima sessão plenária realizar-se-á na quarta-feira, dia 24, às 15 horas, e terá a seguinte ordem de
trabalhos: declarações políticas; discussão, na generalidade, do projeto de lei n.º 349/XII (2.ª) — Prorrogação
do prazo para a obtenção do reconhecimento da propriedade privada sobre parcelas de leitos ou margens das
águas do mar ou de quaisquer águas navegáveis ou flutuáveis (primeira alteração à Lei n.º 54/2005, de 15 de
novembro, que estabelece a titularidade dos recursos hídricos) (PS), conjuntamente com o projeto de
resolução n.º 607/XII (2.ª) — Recomenda ao Governo um conjunto de ações versando a ocupação e