10 DE MAIO DE 2013
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Mais do que nunca, o próximo ciclo de fundos estruturais de apoio a Portugal assume uma importância
decisiva para uma trajetória de retoma sustentada do crescimento, do emprego e da coesão territorial e de
convergência com a Europa.
Confirmando-se o acordo firmado em Fevereiro passado para o quadro financeiro plurianual da União
Europeia, Portugal beneficiará, no novo QREN, de 19 600 de euros de financiamentos, mais os fundos da
política agrícola comum (PAC) e das pescas, o que totalizará 27 800 milhões de euros.
A resolução que se apresenta a esta Assembleia tem exatamente o intuito de recomendar ao Governo um
conjunto de orientações e preocupações. É, portanto, a consequência das atribuições legítimas deste
Parlamento e da superior relevância do acordo de parceria para o País, e é esse o debate que queremos fazer
também em sede de Parlamento.
Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados. Antes de mais, esta resolução preconiza que o Governo português
assegure no novo QREN uma forte sintonia com as prioridades da Estratégia Europa 2020, quer isto dizer o
alinhamento das apostas no sentido de um crescimento inteligente, baseado no conhecimento, na inovação e
na internacionalização económica, um crescimento sustentável, com uma economia mais eficiente e mais
ecológica, e também um crescimento inclusivo, através do incremento do emprego, das qualificações e da
coesão social.
Esta mudança de paradigma, reconhecerão, é decisiva e imprescindível para Portugal e para o
cumprimento das metas económicas, sociais, ambientais e energéticas a que estaremos obrigados na
execução da Estratégia Europa 2020.
Por outro lado, importa assumir que uma estratégia de crescimento sustentável só poderá ser bem-
sucedida se responder de modo efetivo às diferentes necessidades e estratégias de desenvolvimento regional,
sub-regional e local. De uma vez por todas, os territórios não poderão ser, no desenho dos instrumentos de
financiamento comunitário em Portugal, um apêndice, um adorno, uma máscara ou um discurso sem
consequências.
O novo QREN deverá traduzir uma aposta territorial sólida e contribuir para reabilitar a dignidade e a
relevância de uma política de desenvolvimento regional. Os objetivos de crescimento, de emprego e de
inclusão o exigem.
Os fundos estruturais são, por definição, o mais nobre e mais evidente instrumento de solidariedade
territorial europeia. Esse ADN não lhe pode ser subtraído em nome da justiça, da coesão e de um crescimento
inclusivo e sustentável.
O Sr. João Figueiredo (PSD): — Muito bem!
O Sr. Almeida Henriques (PSD): — O acordo de parceria deve, por isso, fazer fé e prática dos princípios
da subsidiariedade e da governação territorial expressos no Tratado de Lisboa e na política de coesão,
conferindo especial atenção às regiões menos desenvolvidas, ultraperiféricas e em transição.
Portanto, o combate às assimetrias territoriais e a adaptação dos instrumentos aos perfis e às
necessidades específicas de cada região são promessas adiadas e, por isso, prioridades do presente que
merecem viva recomendação nesta resolução.
O País não tem um único padrão económico, social, ambiental e cultural e essa é também a sua riqueza e
o seu potencial de futuro. Os instrumentos de política pública e de financiamento comunitário não podem
obliterar a identidade dos territórios nem o seu potencial distintivo de afirmação e de desenvolvimento. Assim,
chegar aos efeitos práticos destes princípios é uma questão de responsabilidade e também de consequência.
Recomenda-se, por isso, ao Governo que, na arquitetura dos instrumentos operacionais do futuro QREN,
lhes assegure não apenas a existência mas também a diferenciação estratégica e o reforço das locações
financeiras dos programas regionais.
Devem ainda os programas operacionais regionais do novo QREN assumir um caráter plurifundo,
integrando nomeadamente recursos do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional e também do Fundo
Social Europeu.
Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Portugal deve, no futuro ciclo de fundos estruturais, assumir o
desafio de emendar a elevada dispersão de apostas e pulverização de investimentos que caracterizaram ainda
o atual QREN e os anteriores quadros comunitários de apoio.